Hospitais franceses preparam possibilidade de segunda vaga

A calma depois da tempestade, ou entre duas tormentas: no hospital de Dijon, no leste de França, ninguém ousa esperar o melhor. Na memória, está a rapidez com que as instalações passaram da entrada do primeiro paciente com o coronavírus, a 27 de fevereiro, para o pico da epidemia, que levou outros 2400 franceses a darem entrada neste hospital.
Atualmente, há apenas 3 pacientes hospitalizados a recuperar da Covid-19, mas as equipas preparam-se para a eventualidade de uma segunda vaga que, segundo o Conselho Científico Francês, pode acontecer no outono.
Nadège Baille, diretora do hospital de Dijon: "Continuamos a ter camas disponíveis para pacientes com Covid-19, que estão desocupadas mas preparadas para receber pessoas se necessário. Não consideramos que a pandemia está ultrapassada, mas a diferença com respeito à primeira vaga é que estamos muito melhor equipados e agora podemos realizar até 2500 testes por dia."
Menos pacientes com Covid-19 não significa um ritmo menos intenso. Apesar do serviço para outras urgências ter continuado a operar durante a crise, muitas operações não urgentes foram adiadas e estão agora a ser retomadas, pelo menos até que haja sinais de novos focos importantes da epidemia.
Jacques Baurin, diretor do Departamento de Neurocirurgia: "Foram feitos grandes esforços com as teleconsultas durante a primeira vaga, para manter o contacto com pacientes que tiveram de cancelar intervenções. Assim que pudemos voltar a marcá-los, demos prioridade aos que mais precisavam. E sabemos quais são porque mantivemos esse contacto durante este período difícil."
A pandemia representou também uma dura prova para os profissionais de saúde que, apesar de se sentirem agora mais preparados, temem ter de enfrentar uma nova vaga.
Justine Perrot, anestesista:"O que nos ajudou a adaptar-nos foi o apoio dos que trabalham normalmente nos serviços de urgência e também tivemos o apoio de enfermeiros externos. É sempre interessante trabalhar com pessoas com as quais não estamos habituados e fazê-lo em colaboração."
Guillaume Petit, euronews: "Nas vésperas das férias de Verão, os hospitais franceses estão numa situação intermediária: por um lado, há quatro vezes menos pacientes hospitalizados do que em abril, mas por outro há mais de 80 pequenos focos a ser investigados por todo o país. O risco de uma ressurgência da pandemia obriga à vigilância."