Portugal colocado na "lista vermelha" do turismo britânico

Praias do Algarve sob ameaça de turistas britânicos serem desviados para outros países
Praias do Algarve sob ameaça de turistas britânicos serem desviados para outros países Direitos de autor AP Photo/Armando Franca
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De  Francisco Marques
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Reino Unido anuncia segunda-feira a lista dos países considerados seguros para viajar e a escolha já está a gerar atrito entre governos

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Portugal não será, à partida, um dos destinos seguros dos turistas do Reino Unido nos próximos tempos. Pelo menos daqueles que pretendem evitar a quarentena no regresso a casa.

De acordo com a BBC e com o jornal The Telegraph, Portugal e a Suécia vão ser excluídos da lista a apresentar segunda-feira pelo governo britânico com os países considerados seguros em termos de Covid-19 para os britânicos poderem viajar de férias já a partir de segunda-feira, 6 de julho.

A lista irá dividir-se em três níveis, com o verde para os países seguros, âmbar para os países de risco e vermelho para os interditos, dependendo da prevalência do vírus no respetivo território.

Para Sean Tipton, da Associação de Agências de Viagens Britânicas, haver uma lista de destinos seguros já será "bom" para as companhias poderem voltar ao trabalho. "Mas teria sido melhor se tivéssemos sido informados um pouco mais cedo porque as companhias precisam de planear com antecedência. Isto não é como abrir uma torneira", criticou Tipton.

Um dos destinos que será, tudo indica, considerado seguro e muito procurado pelos britânicos será Espanha, o terceiro país europeu mais afetado pela pandemia, depois do próprio Reino Unido e da Rússia.

A infeção, contudo, dá mostras de estar agora a alastrar em Espanha a um ritmo mais baixo que em Portugal, pelo menos de acordo com os dados oficiais divulgados por ambos os governos.

Logan Jory é um turista britânico com casamento marcado este verão na ilha de Maiorca, em Espanha.

Ver Espanha incluída na lista de países seguros sem obrigar a quarentena no regresso "são muito boas notícias"."Achámos que já não podia acontecer e íamos fazer apenas alguma coisa aqui no Reino Unido. Agora já vamos poder ir. É fantástico", resume.

A noiva, Hannah Blowfield, também respira de alívio perante a notícia da BBC.

"Temos os voos reservados, os hotéis, tudo. Obviamente, já os tínhamos adiado uma vez. Têm sido tempos muito complicados para nós, por isso, agora esperamos que tudo possa decorrer sem problemas", desejou.

O jornalista da BBC Mark Lowen, atualmente destacado em Roma, Itália, mas com uma ligação próxima a Portugal, destaca a frustração da alegada ausência portuguesa na lista de países seguros do reino Unido.

A Grécia será outro destino de férias considerado seguro para os britânicos e que irá ter muita procura.

França, Itália, Bélgica e até a Turquia, países onde o novo coronavírus tem estado muito ativo desde março, também deverão surgir na lista de países seguros a ser anunciada pelo governo de Boris Johnson.

Ministro português critica Reino Unido

Em Portugal, onde o turismo britânico tem um peso de quase 20% nas reservas, o mal estar começa a fazer-se sentir. O ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita é citado pelo jornal espanhol El País a criticar a alegada exclusão pelos britânicos.

"Não é Portugal que está em risco. Não há nenhuma razão. Portugal tem melhores indicadores de saúde pública e de resposta à pandemia do que o Reino Unido", sublinhou o ministro português.

A secretária de Estado do Turismo falou ao programa BBC Breakfast e sublinhou o facto de Portugal ter sido eleito o destino mais seguro da Europa pelo Conselho Mundial de Turismo e Viagens, enaltecendo ainda o país como "um destino limpo e seguro".

"Alguns países estão nesta lista (do Reino Unido) e Portugal está a lutar por um lugar", afirmou Rita Baptista Marques, garantindo que a situação está "completamente sob controlo" através da realização massiva de testes.

Na atualização do boletim epidemiológico deste sábado, a Direção-Geral de Saúde revelou o registo de mais 323 infeções e seis mortes no quadro da Covid-19.

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Entre as novas infeções, 255 foram diagnosticadas na região de Lisboa e Vale do Tejo, a mais afetada atualmente.

De acordo com o Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC), Portugal era este sábado o segundo pior país europeu em termos de casos ativos por 100 mil habitantes acumulados nas últimas duas semanas, com 45,6, muito acima do Reino Unido (24,62) e só atrás da Suécia (151,01), sendo este o critério arbitrário que está a ser tido em conta pelos países que têm vindo a colocar Portugal na lista de risco.

Um porta-voz do governo britânico não identificado pela BBC terá sugerido ainda assim que os turistas britânicos que queiram muito ir passar férias a Portugal vão poder evitar a quarentena se optarem por viajar via Espanha e depois cumpram o resto da viagem de carro.

Reino Unido receia novo surto de infeções

Desde 8 de junho que o Reino Unido obriga todas as pessoas que chegam do estrangeiro a cumprir uma quarentena de 14 dias para reduzir eventuais novos focos de contágio. O não cumprimento pode custar uma multa até mil euros.

Mas num país com mais de 310 mil casos confirmados, quase 44 mil mortes no quadro da Covid-19 e um ritmo de novos casos diários acima dos 800, o maior problema parece estar do lado dentro.

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Os últimos dias, com as temperaturas a subir nos termómetros, ficaram marcados por uma corrida dos britânicos para as praias. A isto juntou-se a festa descontrolada dos adeptos de futebol do Liverpool, que voltaram a celebrar a conquista de um título do campeonato inglês 30 anos depois e até se esqueceram da Covid-19.

As autoridades receiam que a incidência do novo coronavírus venha a agravar-se significativamente nos próximos dias. Algo que pode vir ainda a alterar muitas das decisões de desconfinamento agora ainda a ser ponderadas.

Outras fontes • BBC, Telegraph, Público

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