Itália cria primeira rede de abastecimento ética e transparente

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De  Joao Duarte Ferreira
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O projeto reúne produtores agrícolas, distribuidores e consumidores numa rede que promove o lado ético e a transparência a cada etapa

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"Até ontem, sempre que trabalhava tinha que obedecer às ordens que me davam, não podia dizer nada. Mas agora já tenho a oportunidade de dizer o que penso, de exigir que os contratos sejam respeitados. Tornei-me num sujeito ativo e não passivo", foi assim que Lucia Pompigna, uma trabalhadora agrícola no sul de Itália descreveu o fim de uma luta que culminou no reconhecimento dos seus direitos laborais.

Tudo começou na planície de Metaponto no sul de Itália onde há um mês 14 quintas foram apreendidas porque trabalhadores como Lucia eram tratadas como cidadãos de segunda-classe e não como trabalhadoras de pleno direito.

O projeto IAMM que significa "vamos a isso!" no dialeto local oferece a 50 trabalhadores como Lucia, produtores locais e redes de lojas a possibilidade de trabalharem em conjunto respeitando os direitos dos trabalhadores assim como as necessidades comerciais.

"O IAMM é a primeira tentativa em Itália de criar uma cadeia de abastecimento transparente e ética em cada etapa, da produção até à distribuição e consumidor", afirma Gianni Fabbris, co-fundador do projeto IAMM.

Trata-se de uma cadeia de abastecimento cujo objetivo é distribuir a mais valia de forma equitativa, assim como preços justos para os consumidores, produtos de elevada qualidade e respeito absoluto pelos direitos dos trabalhadores. Alimentos éticos numa cadeia de abastecimento ética.

O correspondente da euronews explica  que "para o consumidor final, um cacho de uvas deve custar 4 a 5 vezes mais do que o custo de produção. No entanto, as redes de lojas estão a pagar cada vez menos aos produtores que são forçados a cortar, entre outras coisas, nos salários dos trabalhadores".

No entanto, graças a este projeto, as mulheres envolvidas já não têm que trabalhar até 12 horas por dia por cerca de 40 euros. Têm contratos regulares e não trabalham mais do que 6 horas e meia.

"Não falamos de lucros porque somos uma cooperativa. Trabalhamos nos custos, Uma vez cobertos os custos, conseguimos fazer as quintas produzir. O lucro é um conceito que não nos pertence", afirma Vincenzo Santoro da cooperativa Aba Bio.

Para Lucia Pompigna a situação e condições de vida mudaram para melhor. "Agora sei que há um grupo de pessoas ao meu redor que me apoiam, o que antes não era o caso. Os trabalhadores tinham medo, muito poucos me apoiaram. E eu sentia por eles porque muitos foram castigados por me terem apoiado. Para eles deixou de haver trabalho", conclui Pompigna.

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