O longo verão dos argelinos residentes em França

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Direitos de autor Fateh Guidoum/Copyright 2020 The Associated Press. All rights reserved
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De  Joao Duarte Ferreira
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A tradição da viagem anual de verão à Argélia terá que ser retomada para o ano

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Todos os anos, no verão, Céline, que nasceu em França mas cujo pai é argelino, atravessa o Mediterrâneo para passar férias na Argélia.

"É outra coisa, porque não se trata de férias simples, é a ligação com a família que importa, férias propriamente ditas vou fazer em setembro, vou para fora. Aqui é uma questão de estar com a família, é uma dor de alma", afirma Céline.

Desde 17 de março que as autoridades argelinas encerraram fronteiras numa tentativa de travar a pandemia de Covid-19.

Para Zahir, o cunhado de Céline que veio da Argélia apenas há seis anos, estar longe das suas raízes é doloroso.

"Como todos os argelinos, aqueles que visitam o país todos os anos, eles têm esse hábito e é vital, digamos. E se as fronteiras abrirem, mesmo sem me pagarem as férias, eu vou tirar pelo menos duas semanas para os ir ver e certificar-me que está tudo bem", adianta Zahir, imigrante argelino.

A viagem à Argélia no verão é uma tradição para milhões como Céline e Zahir. Entre os estrangeiros residentes em França, os argelinos constituem o maior grupo, cerca de 12,5%.

"Porque é que eles abriram a Europa e não abrem as fronteiras para os países muçulmanos? É para isso que os muçulmanos argelinos procuram resposta. Porque é que os europeus entram e saiem como querem e nós não?", interroga-se Chaïb Benosmane, presidente do Clube dos Argelinos de Val d'Oise.

Permanece a incógnita sobre quando Céline, Zahir e Chaib Benosmane poderão visitar o seu país de origem.

"É por isso que criámos pequenos roteiros para permitir às famílias sairem um pouco para descobrirem a natureza, o mar... de forma a acalmar os espíritos perante a situação difícil que todos vivemos", explica Rahim Rezigat, presidente da Agência de Promoção das Culturas e da Viagem.

O jornalista da euronews Guillaume Desjardins acrescenta:

"A Argélia não é o único país do norte de África que enfrenta restrições. Marrocos também encerrou fronteiras e recentemente anunciou que permaneceriam fechadas até pelo menos 10 de setembro. A França ainda não autoriza a entrada a viajantes provenientes da Argélia e já levantou as restrições a quem venha de Marrocos".

Nome do jornalista • Guillaume Desjardins

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