Negociadores europeus e britânicos iniciam mais uma ronda de negociações para tentar chegar a um acordo sobre a futura relação comercial pós-Brexit. Boris Johnson diz que ou há acordo até ao próximo mês ou Londres abandona as negociações sem acordo
Pela oitava vez, os negociadores da União Europeia e Reino Unido vão tentar chegar a um acordo comercial pós-Brexit.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, já disse que ou há entendimento até meio de outubro ou Londres abandona as negociações sem um acordo. Algo que Bruxelas diz querer evitar mas para o qual está preparada.
Downing Street vê o Brexit como uma oportunidade para a Grã-Bretanha retomar o controlo do seu dinheiro, fronteiras e leis. Mas, a União Europeia diz que o Reino Unido tem de seguir algumas das suas regras se quiser negociar com o bloco europeu.
Um exemplo são os auxílios estatais - Londres quer poder dar subsídios às empresas.
Bruxelas acredita que isso poderia dar às empresas britânicas uma vantagem injusta e prejudicar os concorrentes da União Europeia.
O analista politico, David Henig, do Centro Europeu para a Economia Política Internacional, explica que "se está a dar acesso preferencial a um grande mercado, como a União Europeia estaria a fazer, então quer ter a certeza de quem vai ter este acesso de que não subsidia as suas exportações. Isto é também contra as regras da Organização Mundial do Comércio, mas a OMC leva muito tempo a resolver estes casos".
As conversações também estão emaranhadas sobre onde se poderão lançar as redes de pesca.
Londres quer controlar quem pesca nas suas águas a partir do próximo ano, mas Bruxelas deseja que se mantenham os atuais acordos baseados em quotas. Embora a pesca valha apenas uma pequena fração do PIB britânico, é uma questão altamente simbólica.
"Desde Boris Johnson ao negociador principal David Frost, tivemos garantia após garantia de que a pesca está na lista de prioridades para este governo", revela Barrie Deas, da Federação Nacional de Organizações de Pescadores.
Os dois lados dizem estar prontos para fazer algumas concessões, e a UE é conhecida por fazer acordos de última hora
No ano passado, Boris Johnson prometeu aos eleitores um acordo de retirada pronto a ir para o forno durante a campanha eleitoral. Mas as alterações planeadas poderiam representar um um assado queimado para o governo britânico.
Com o ano a acabar, aumenta o calor para Londres e Bruxelas para chegarem a um acordo comercial, se é que tal é possível.