Empresário Carlos São Vicente está a ser investigado na Suíça, onde viu 900 milhões de dólares serem congelados, e é suspeito em Luanda de peculato, tráfico de influência e branqueamento de capitais
O empresário Carlos São Vicente, alvo de uma investigação na Suíça, onde viu serem-lhe congelados 900 milhões de dólares, é o mais recente alvo da luta contra a corrupção que tem vindo a ser travada pelo governo de João Lourenço e que já permitiu a Angola melhorar a pontuação no Índice de Perceção da Corrupção.
São Vicente lidera a empresa "Angola, Agora e Amanhã" (AAA), à qual a Procuradoria-Geral angolana apreendeu diversos imóveis, incluindo a rede de hotéis IU e IKA, e ainda 49% de participações da sociedade no Standard Bank de Angola.
As apreensões foram justificadas pelos fortes indícios dos crimes de peculato, participação económica em negócio, tráfico de influências e branqueamento de capitais implicados ao empresário e também já há meses sob investigação pelas autoridades helvéticas
O banco angolano emitiu um comunicado a dar conta que o accionista Carlos Vicente suspendeu as funções de administrador não executivo na instituição e garantiu estar a colaborar com o Banco Nacional de Angola.
Na abertura da reunião extraordinária do Conselho da República, o Presidente angolano prometeu não desarmar na luta contra a corrupção e o desvio de fundos públicos, que tem na empresária Isabel dos Santos o alvo mais mediático, num processo conhecido como "Luanda Leaks", espoletado pelo "denunciante" português Rui Pinto.
Casado com uma das filhas de Agostinho Neto, o primeiro presidente de Angola, Carlos São Vicente lidera um dos maiores grupos de hotelaria e seguros do país.
Entre os muitos negócios do grupo AAA em Angola, estão diversos contratos de seguros petroquímicos com a Sonangol, onde, de acordo com dois antigos administradores citados pelo portal Angonotícias, o empresário São Vicente terá perdido o monopólio dos seguros depois da entrada em 2016 de Isabel dos Santos para a liderança da petrolífera e da criação do programa de redução de despesa denominado "Sonalight".
São Vicente terá sido afastado da Sonangol através de um decreto presidencial assinado por José Eduardo dos Santos e justificado por "gestão alegadamente não transparente."