O legado dos artistas russos em Paris

O legado dos artistas russos em Paris
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De  Naomi Lloyd
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Nos anos 20, a capital francesa inspirou muitos artistas russos que saíram do país depois da Revolução

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Esta edição especial de CULT coincide com o 100º aniversário da primeira vaga de emigração russa e analisa o impacto dos artistas russos no mundo da cultura.

No rescaldo da Revolução de 1917, mais de um milhão de russos emigraram e deixaram a sua marca nas artes, ciência e vida pública dos países de acolhimento. Cerca de 50 mil mudaram-se para França.

Ivan Bunin

Dentro desta primeira vaga de emigração estava Ivan Bunin, considerado o herdeiro literário de Tolstoi e Chekov e o primeiro russo a ganhar o Prémio Nobel da Literatura, em 1933. Bunin chegou a França em 1920 e dividiu o seu tempo entre Paris e Grasse, na Provença.

Cafés como La Coupole, em Paris, estiveram no centro da vida intelectual e artística nos anos 20 e 30. Era ali que Bunin escrevia e encontrava outros emigrantes russos.

Anna Lushenkova Foscolo, professora de literatura russa e autora de obras sobre Bunin, conta que no romance "Em Paris" o escritor menciona este café.

“É aqui que um casal da história tem uma noite romântica. Sabemos que os escritores russos que antecederam Bunin, como Tolstoi e Dostoievski eram muito populares em França e no estrangeiro. E o Prémio Nobel sublinhou a importância da literatura russa e do seu reconhecimento no estrangeiro. Penso que a escrita de Ivan Bunin adquiriu algo de novo durante os anos que passou em França: a importância da nostalgia na sua escrita e a importância dos temas russos".

Em 2020 assinala-se o 150º aniversário do nascimento de Bunin.

Serge Diaghilev

Outra figura de destaque entre os exilados russos foi Serge Diaghilev, o fundador do Ballets Russes, a primeira grande companhia independente de bailado do mundo.

A técnica impressionante dos bailarinos e as colaborações inovadoras com artistas como Picasso, Coco Chanel e Stravinsky continuam a inspirar os artistas.

Didier Deschamps, coreógrafo e diretor do Teatro Nacional de Dança Chaillot, diz que o Ballet Russes  mudou completamente a forma e o movimento dos bailarinos. 

"A dinâmica, o posicionamento e a força de cada gesto eram completamente novos. E é algo que desperta um enorme interesse para os coreógrafos de hoje. O que é marcante em Serge Diaghilev é que ele apareceu com esta companhia de dança incrivelmente famosa, e criou performances totalmente novas e sem precedentes que levam as audiências a ver o mundo de uma forma diferente"

O teatro Chaillot prepara uma produção de "Mulher", de Bronislava Nijinska. O espetáculo de dança contemporânea, que presta homenagem à bailarina e coreógrafa do Ballets Russes, será apresentado em Março de 2021.

Herança dos artistas russos

Yuri Bashmet é maestro e violinista e atua em concertos em todo o mundo. Diz que os músicos e compositores russos têm tido uma influência significativa no palco internacional.

_"O que o ocidente recebe da Rússia é uma incrível e jovial energia, afinal de contas somos mais jovens como nação. Nós oferecemos a nossa alma e encorajamos o resto do mundo a fazer o mesmo". _

Yevgeny Primakov é o chefe da Rossotrudnichestvo, uma agência governamental que coordena  "Centros Russos" para promover a cultura, as artes e a ciência do país a nível internacional.

"É óptimo quando as pessoas conhecem a cultura russa através de exemplos modernos e dinâmicos e não apenas através dos clássicos. A cultura é sempre um diálogo, um intercâmbio de ideias, um intercâmbio de valores".

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