Estado domina mercado de publicidade húngaro e asfixia os projetos de comunicação social independentes
O relatório da Comissão Europeia sobre o Estado de Direito chamou a atenção para a situação vivida na Hungria e colocou Budapeste em rota de colisão com Bruxelas. Um dos problemas apontados prende-se com a liberdade de imprensa e o ranking dos Reporteres sem Fronteiras não deixa margem para dúvidas, com uma queda acentuada do país nos últimos anos.
A comunicação social independente vê-se forçada a procurar soluções para sobreviver. O último projecto dá pelo nome de Telex e o diretor-executivo admite a cobrança de uma subscrição para aceder ao conteúdo, uma vez que é a "única forma de manter uma equipa editorial desta dimensão".
No mundo da rádio, os projectos independentes também estão em dificuldades. É o caso da Rádio Klub, cujas receitas de publicidade são escassas e o presidente explica porquê:
"O Estado é o principal investidor no mercado de publicidade e gasta anualmente vários milhões... muitas empresas privadas acabam por ceder, seja por medo, seja por terem contratos com o Estado."
Já o governo húngaro desvaloriza o conteúdo do relatório da Comissão Europeia e aponta o dedo aos adversários políticos de Viktor Orbán. O chefe de gabinete do executivo não tem dúvidas ao afirmar que "nunca antes foi tão claro que um documento tinha o dedo de George Soros" De acordo com Gergely Gulyás, "há doze referências externas no texto e onze são de uma organização apoiada por ele", acrescentando que "ao menos podiam ter-se preocupado em ser menos óbvios."
A contenda entre Budapeste e Bruxelas promete dar que falar na discussão do próximo orçamento europeu.