"Estado da União": Líderes tentam conter escalada da pandemia

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De  Isabel Marques da SilvaStefan Grobe
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Esta semana, os líderes europeus aprovaram medidas mais rígidas sobre a circulação e concentração de pessoas e alertam o público de que poderão vir a aprovar medidas ainda mais restritivas.

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Aquilo para o qual os especialistas vinham alertando, há meses, tornou-se uma realidade na Europa: a segunda vaga de Covid-19 espalha-se um pouco por todo o lado. O número de infeções diárias atingiu níveis nunca vistos desde o auge da crise na primavera.

Esta semana, os líderes europeus aprovaram medidas mais rígidas sobre a circulação e concentração de pessoas e alertam o público de que poderão vir a aprovar medidas ainda mais restritivas.

“Na verdade, teremos um confinamento parcial. Para manter o contágio sob controle, o número de contatos sociais e viagens deve ser drasticamente reduzido", disse Mark Rutte, primeiro-ministro neerlandês. “O nosso objetivo é reduzir os contatos privados, que são os mais perigosos”, afirmou Emmanuel Macron, presidente francês.

Mas há um continente, África, onde a situação não atingiu o nível de contágios antecipado pelos especialistas no início da pandemia. O tema foi analisado em entrevista com Ngoy Nsenga, coordenador do programa de resposta a emergências na delegação regional para a África da Organização Mundial da Saúde, a partir de Brazzaville, na República do Congo.

Stefan Grobe/euronews: Antes de passarmos à análise, faça-nos um ponto da situação atual. Quais são os países e regiões africanos mais afetados pela Covid-19?

Ngoy Nsenga/OMS África: Todos os 47 países foram afetados, há bastantes casos em todos os 47 países. No total temos cerca de 1,2 milhões de pessoas infetadas no continente, e infelizmente, faleceram 26 mil pessoas. Na nossa lista dos dez países mais afetados está a África do Sul, que teve o maior número de casos desta região. Recentemente, reportava o equivalente a 60% dos casos diários no continente. Outros países mais afetados são Argélia, Etiópia e Quénia.

Stefan Grobe/euronews: No início da pandemia, os especialistas projetaram milhões de mortes e o colapso dos sistemas de saúde já instáveis nessa região. No entanto, seis meses depois, esse cenário de terror não se concretizou Porque é que este vírus não atingiu África ao nível que foi antecipado?

Ngoy Nsenga/OMS África: É verdade, todos, incluindo a nossa organização, estavam muito preocupados no início da pandemia de que a África seria, provavelmente, a zona do globo mais atingida pela pandemia. Felizmente não vimos esse cenário até agora. Ainda não estamos livres desse cenário mas até agora não vimos números muito elevados, mesmo catastróficos como pensámos que teríamos. Pensamos que, tal como qualquer outro surto, há muitos fatores que contribuem para a situação atual em África. Um deles é a maioria dos países africanos tomou a decisão certa no momento certo. A maioria dos governos tomou medidas preventivas e ao nível social quando ainda nem reportavam casos. Alguns países tomaram medidas quando tinham muito poucos casos. Em segundo lugar, há uma dinâmica própria. A maioria dos casos no início do surto registou-se nos grandes centros urbanos, capitais e outras grandes cidades. Por causa dessas medidas, podemos dizer atualmente que o surto não se expandiu rapidamente para além das capitais.

Stefan Grobe/euronews: O que pensa do argumento de alguns especialistas de que a idade é um fator que explica a resiliência em África, já que é um continente com muita gente jovem, o que constituiu uma espécie de barreira natural para este vírus?

Ngoy Nsenga/OMS África: Isso é verdade. Mas, simultaneamente, analisamos a dinâmica de expansão da doença e percebemos que não foi muito diferente da dinàmica noutras regiões. Um população com uma média de idade jovem pode ter desempenhado um papel, mas não sabemos, exatamente, em que medida a estrutura demográfica de facto contribuiu para a situação que temos agora em África.

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