Presidente brasileiro diz que a "pólvora" pode ser a resposta às ameaças de Joe Biden relativas à Amazónia.
Devia ser o lançamento de uma iniciativa para promover o regresso "seguro e gradual" do turismo brasileiro mas acabou com o presidente Jair Bolsonaro a lançar ameaças ao presidente eleito dos EUA.
A 30 de setembro, e durante o primeiro debate televisivo, entre Joe Biden e Donald Trump, o candidato Democrata afirmava que se vencesse as presidenciais haveria "consequências económicas significativas" para o Brasil se o país não implementasse políticas para acabar com a desflorestação da Amazónia. "Como é que nós podemos fazer frente a tudo isso?", perguntou Jair Bolsonaro acrescentando que usar "apenas a Diplomacia" não chega. "Quando acaba a saliva tem de ter pólvora, senão não funciona", garantiu o chefe de Estado acrescentando que talvez nem seja preciso usar a pólvora mas é preciso "saber que tem", ou seja marcar uma posição de força.
Biden tinha afirmado ainda que iria angariar 20 mil milhões de dólares para dizer ao Brasil que parasse de destruir a floresta, dinheiro que o Bolsonaro recusou, de imediato, através das redes sociais.
Desde que o atual presidente brasileiro tomou posse a desflorestação aumentou, exponencialmente na Amazónia, até 22 de outubro tinha-se ultrapassado o número de queimadas de todo o ano de 2019, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil. Situação que está também a pôr em causa a aprovação final do acordo comercial entre a União Europeia e o bloco económico do Mercosul.
*"Brasil tem de deixar de ser um país de maricas"*
Mas não foi só a Amazónia e Biden que Bolsonaro trouxe a este evento de forma efusiva. A Covid-19, que levou a quebras históricas no turismo brasileiro e mundial, setor que representa mais de oito por cento do Produto Interno Bruto do país, foi o outro alvo do chefe de Estado que, exaltado, afirmava: "Tudo agora é pandemia!". Bolsonaro acrescentava que lamenta os mortos mas que "todos nós vamos morrer um dia", não há como fugir dessa realidade, portanto, o Brasil "tem de deixar de ser um país de maricas".
Brasil que continua a ser o terceiro país, a nível mundial, mais afetado pela pandemia. Quase 163 mil pessoas morreram desde o início da propagação do vírus, dados da Universidade John Hopkins. Mais de 5,699,000 foram infetadas e pouco se sabe sobre as sequelas que a doença pode deixar nos infetados.