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Avni Doshi nomeada para o prémio Booker com romance sobre Alzheimer

Avni Doshi nomeada para o prémio Booker com romance sobre Alzheimer
Direitos de autor    -   Credit: Dubai

Avni Doshi levou sete anos para escrever o primeiro romance que acaba de ser nomeado para o prémio Booker. Em entrevista à euronews, a escritora norte-americana que reside atualmente no Dubai, falou-nos do caminho que percorreu para escrever "Burnt Sugar".

euronews: "Foi nomeada para o Prémio Booker, pelo seu romance de estreia. Parabéns. Como se sente?"

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Avni Doshi: "É surreal. Não pensava chegar tão longe. Foi uma grande surpresa estar no primeiro grupo de nomeados".

euronews: "Este prémio literário é um dos mais importantes mundialmente. E conseguiu ser nomeada graças a um primeiro romance. É um bom começo".

Avni Doshi : “Sim. Trabalhei para este romance durante mais de sete anos. Vê-lo publicado e à venda nas livrarias, foi uma grande conquista”.

Interesso-me muito pelas relações entre as mulheres. Por outro lado, a minha avó foi diagnosticada com doença de Alzheimer há cerca de quatro anos. Durante o processo de escrita do romance, integrei a doença de Alzheimer porque tinha feito muita pesquisa sobre essa doença.
Avni Doshi
escritora norte-americana

euronews: "Conte-nos a história deste livro".

Avni Doshi : “O romance conta a história de uma mãe e de uma filha que têm uma relação muito difícil. A mãe é diagnosticada com Alzheimer. E a filha tem de lidar com uma situação difícil que é cuidar de uma mulher que no fundo nunca cuidou dela”.

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euronews: "De onde veio a inspiração para o enredo?

Avni Doshi : “Grande parte da história foi imaginada. Interesso-me muito pelas relações entre as mulheres. Por outro lado, a minha avó foi diagnosticada com doença de Alzheimer há cerca de quatro anos. Durante o processo de escrita do romance, integrei a doença de Alzheimer porque tinha feito muita pesquisa sobre essa doença.

euronews: Como começou a escrever? Foi sempre uma escritora? O que a levou a colocar a caneta no papel para escrever um primeiro romance?"

Avni Doshi: “Nunca fui uma grande escritora. Sempre fui uma grande leitora. A minha formação de base é na verdade história da arte. Mas sempre adorei ler literatura. Aos 20 anos, comecei a interessar-me bastante pela ficção contemporânea. Não sei o que me levou a escrever. Diria apenas que senti esse desejo”.

euronews: "Como foi esse processo? Foi fácil ou houve aquele bloqueio do escritor de que se costuma falar? Houve momentos de desafio e dificuldade?"

Avni Doshi : “A escrita do livro foi uma espécie de batalha difícil. Eu não sabia o que estava a fazer. Não tenho formação em escrita. Nunca fiz um curso de escrita criativa. Foi através do processo de escrita que fui aprendendo. Aprendi a escrever graças a cada rascunho. Foram os erros que mais me ajudaram em todo o processo, porque via o que estava errado e o que tinha de melhorar.

euronews: "Se tivesse que recomeçar, faria algo diferente?"

Avni Doshi : “Diria a mim mesma para não ser tão teimosa. Durante o processo de escrita, foi muito difícil renunciar a certos aspectos do livro. Há um conselho que se dá aos escritores: “kill your darlings”. Significa ser capaz de eliminar certas partes do livro para melhorar o resultado final. Devia ter feito isso mais cedo".

Há um conselho que se dá aos escritores: “kill your darlings”. Significa ser capaz de eliminar certas partes do livro para melhorar o resultado final. Devia ter feito isso mais cedo.
Avni Doshi
escritora norte-americana

euronews: “Um dos desafios é escrever um livro com uma história universal com que todas as pessoas se identifiquem. Cresceu em Nova Jersey e agora mora em Dubai, isso ajudou-a a escrever o livro?

Avni Doshi : “Sempre tive um sentimento de ser uma “outsider” na maior parte da minha vida adulta. Não moro nos Estados Unidos desde os 20 anos. Senti-me sempre do lado de fora das sociedades em que vivi. Isso dá-nos uma perspectiva de observador. Podemos ser um testemunho das histórias de outras pessoas. Acho que isso foi muito útil para mim".

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euronews: “Por que é que se sentiu do lado de fora? Era como se estivesse na periferia de cada sociedade em que viveu?"

Avni Doshi: “Quando me mudei para a Índia aos 20 anos, pensei que me sentiria em casa nesse país. Mas como tinha crescido nos Estados Unidos, eu era diferente. A minha formação tinha sido diferente. As minhas referências eram diferentes. A minha educação foi diferente. Embora de certa forma me sentisse em casa, sentia-me também fora da sociedade, de certa maneira".

euronews: "Estamos no Dubai. Quão importante é a literatura para esta região? Sei que está muito empenhada no Festival de Literatura dos Emirados. Conte-nos o que se passa".

Avni Doshi: “O Festival Literário dos Emirados é incrível. Eles fazem um ótimo trabalho de promoção da literatura em todo o país e em toda a região. Convidam autores de renome internacional para vir aqui falar. E é realmente muito bom. Tenho muito orgulho em contribuir para o trabalho que eles têm feito. Adoraria que esse trabalho fosse aprofundado. Sei que existem pessoas a trabalhar para isso. Estou ansiosa por ver o que mais poderá acontecer no futuro".

euronews: "É importante para os autores locais terem uma plataforma aqui no Dubai?"

Avni Doshi : “Acho que é muito importante. Há cada vez mais jovens criativos que moram no Dubai. E seria maravilhoso termos aqui por exemplo mestrados na área da escrita. Seria incrível ter mais revistas literárias aqui na região, no país. Há coisas que podemos fazer, como organizar residências ou dar bolsas a escritores estangeiros para virem morar aqui e trabalhar com alunos daqui".

euronews: "Qual é sua opinião sobre os níveis de alfabetização da população? Nem toda a gente tem a sorte de poder ter acesso a livros, e de ter sido ensinado a ler. Ainda há muitas crianças em todo o mundo nessa situação".

Avni Doshi : “Sim, isso tem que ser a prioridade de qualquer governo ou sociedade, encorajar a leitura e a escrita. Isso permite às pessoas melhorar a situação em que vivem. Especialmente em países como a Índia, é muito importante que a alfabetização seja uma prioridade para todas as plataformas políticas”

euronews: “Enquanto mulher e mulher bem sucedida, que conselho daria a alguém que quer escrever um livro? O que aprendeu graças à experiência e que poderia transmitir?”

Avni Doshi: "Toda a gente espera que haja um método específico ou um curso que nos ensine a escrever. Mas o mais importante é sentar-se à mesa todos os dias e concentrar-se. Penso também que a leitura é provavelmente a melhor professora de escrita. Podermos ver o trabalho de quem já passou por esse caminho. Foi assim que aprendi muito sobre a escrita".