O motivo búlgaro para impedir a Macedónia do Norte na UE

O motivo búlgaro para impedir a Macedónia do Norte na UE
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Razões idiomáticas, históricas, geográficas e perturbações políticas internas explicam o travão búlgaro

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Primeiro a Grécia, agora a Bulgária. O caminho da República da Macedónia do Norte para aceder à União Europeia conta com mais um importante obstáculo. Sófia tem exigências sobre a língua, a origem e a história do país vizinho para poder desbloquear o início das negociações de adesão.

"Chegar a um consenso é muito difícil por causa das sobreposições históricas e também geográficas. A Bulgária tem a sua própria região da Macedónia, a Macedónia Pirinska ou a Macedónia do Pirin, que tem o seu nome a partir de uma cordilheira montanhosa que pode ver aqui atrás de mim e que vai até à fronteira grega. Corresponde ao oblast de Blagoevgrad que se encontra precisamente entre a Macedónia do Norte, de um lado, e a Grécia do outro. As autoridades búlgaras receiam que novas minorias e separatismo possam emergir", explica o jornalista da Euronews, Damian Vodenitcharov.

As relações bilaterais estão ainda mais tensas por causa de outros assuntos espinhosos, em especial em relação ao que os académicos e os dirigentes políticos dizem ser a apropriação da história e de figuras históricas chave, cujos nomes foram atribuídos a cidades e a monumentos. A presidência búlgara da União Europeia em 2018 tentou avançar nesses temas a Bulgária acusou a Macedónia do Norte de ter feito muito pouco para chegar a um consenso.

O ministro da Defesa búlgaro, Krassimir Karakachanov, explica que "estes assuntos podem ser resolvidos com a assinatura de um simples documento. Infelizmente, Skopje rejeita essa solução e recusa debater estes assuntos. Significa que a Bulgária não tem outra opção, sem ser a de se abster no agendamento de uma data para a primeira conferência intergovernamental com vista às negociações de adesão".

"Significa que o processo está bloqueado?" - Pergunta o jornalista Damian Vodenitcharov.

- "Não, é apenas um adiamento. Deixa-me dizer isto novamente, isto não partiu da Bulgária", retorque Krassimir Karakachanov.

Para lá do contencioso sobre os livros de história, há também um imperativo geopolítico inegável para que os Balcãs ocidentais sejam integrados na NATO e na União Europeia. No entanto, este processo está a ser sabotado devido a conflitos internos.

"Tenho a ideia de que, infelizmente, a crise política interna da Bulgária e a instabilidade da coligação governativa são a razão pela qual assistimos a um escalar da retórica, especialmente por parte dos nacionalistas" argumenta Vessela Tcherneva, do Conselho Europeu para as Relações Externas.

Os protestos contra o governo eclodiram a partir de junho. E no momento em que o movimento opositor perde força, devido à segunda onda pandémica, os políticos concentram-se nas eleições agendadas para a primavera do próximo ano.

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