Acordo de paz cria mais instabilidade na Arménia

Acordo de paz cria mais instabilidade na Arménia
Direitos de autor Tigran Mehrabyan/Armenian Prime Minister Press Service/PAN Photo
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De  Nara MadeiraAnalise Borges
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Oposição e presidente arménio dizem que não há condições para que o atual executivo continue a governar.

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O acordo de paz, entre Arménia e Azerbaijão, trouxe ainda mais instablilidade ao Estado arménio. 

Na segunda-feira o presidente arménio, Armen Sarkissian, numa comunicação ao país afirmava que_"é possível perder a batalha mas inadmissível perder enquanto Nação"_, enquanto acrescentava ser inevitável a demissão do primeiro-ministro e a marcação de novas eleições.

Perdemos a guerra que nos foi imposta tanto no campo de batalha como na arena pública, diplomática e internacional.
Armen Sarkissian
Presidente da Arménia

Posição defendida também pela oposição, que se manifestou em Erevan, e que pedia a Nikol Pashinyan, pelo "bem e pela dignidade do país", que abandonasse o cargo.

Para muitos o acordo de cessar-fogo, firmado pelo governo, foi a gota de água.

Varuzhan Sahakyan, residente da capital arménia e que fez parte das centenas de manifestantes que saíram às ruas na segunda-feira, mostrava-se desapontado, pior, traído:

"Eles mentiram-nos dizendo que estávamos a vencer, que tínhamos o controlo da situação. Só nos últimos dias ficou claro que havia territórios a ser doados e depois eles chegaram a Shushi e a cidade rendeu-se. Para nós, isso foi uma traição", desabafava à euronews.

Também segunda-feira o chefe do executivo arménio fez a sua primeira aparição pública desde o anúncio do cessar-fogo. A sessão extraordinária do parlamento foi transmitida no Facebook enquanto Pashinyan defendia o acordo como sendo a única opção para a Arménia.

*O regresso à paz*

Mas para alguns o importante é o fim dos combates e a possibilidade de se começar a pensar em regressar a casa. 

Karina Mkrtchyan faz parte dos deslocados, partiu de Martakert para Erevan, e regressa agora à sua terra natal. Mas a sua vida não mudará muito mais já que vive perto da nova fronteira com o Azerbaijão mas em território arménio. Ainda assim, admite, a convivência poderá não ser pacífica. À jornalista da euronews, Anelise Borges, e questionada sobre a matéria, afirmou que não será fácil viver ao lado daqueles a quem chama de inimigos até porque o seu único irmão morreu a 13 de outubro e nem foram sequer ao cemitério.

*O fim ou uma trégua no conflito?*

A mais recente guerra por Nagorno-Karabakh - que terminou com um acordo de paz mediado pela Rússia e que passa pela "entrega" de uma série de territórios da Arménia ao Azerbaijão - é mais uma etapa num longo conflito sangrento e poderá não ser o último capítulo desta trágica saga já que para muitos arménios é difícil aceitar o que para eles foi um inesperado e dececionante desfecho.

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