Eleições, demissões e retirada de militares: os últimos dias de Trump

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De  Francisco Marques com AP, AFP
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Presidente em exercício dos EUA despede diretor de cibersegurança por discordância na contestação das eleições horas depois do anúncio da muito criticada retirada de soldados do Afeganistão e do Iraque

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Donald Trump parece apostado em aproveitar ao máximo os últimos cartuchos da presidência para agitar as águas da Casa Branca antes da anunciada entrada da Joe Biden.

O Presidente dos Estados Unidos em exercício acaba de despedir mais um membro da administração, o diretor de cibersegurança e segurança de infraestruturas.

É mais um a juntar-se à longa lista de despedimentos na Administração Trump e este já no lote da purga pós-eleitoral de quem não alinha na contestação do triunfo de Joe Biden como aconteceu a 9 de novembro com Mark Esper, o antigo secretário de Defesa.

Em contracorrente com as infundadas alegações de fraude eleitoral que têm sido proferidas por Trump, Christopher Krebs assumiu a defesa do recente processo eleitoral e foi "despedido" pelo presidente, que considerou "imprecisas" as declarações do então ainda responsável de cibersegurança do Departamento de Defesa.

Christopher Krebs reagiu à demissão igualmente pela rede social Twitter, na conta pessoal, manifestando-se "honrado por servir", garantindo ter agido "corretamente" na função de "defender hoje para proteger amanhã".

Na conta oficial de diretor da cibersegurança dos EUA, entretanto fechada e arquivada pelos serviços, pode ainda ler-se uma derradeira publicação de Krebs onde é sublinhado a concordância de 59 peritos eleitorais de que "em todos os casos conhecidos, as queixas (de fraude eleitoral) carecem de provas ou são tecnicamente incoerentes".

Retirada militar em dois meses

A dispensa de Krebs foi conhecida pouco depois do secretário de Defesa dos EUA em exercício ter anunciado a retirada de tropas do Iraque e do Afeganistão, numa operação prometida por Trump e a ser concluída até cinco dias antes da tomada de posse de Joe Biden.

Até 15 de janeiro de 2021, o volume das nossas tropas no Afeganistão será de 2.500 soldados e as nossas forças no Iraque terão o mesmo volume de 2.500 homens na mesma data.

"Esta decisão é consistente com os nossos planos e objetivos estratégicos, apoiada pelo povo americano e não representa uma mudança na política nem nos objetivos dos EUA.
Christopher Miller
Secretário da Defesa em exercício nos EUA

O anúncio caiu mal na NATO. O secretário-geral da Aliança do Atlântico Norte considerou que uma "retirada precipitada" de militares do Afeganistão teria um "preço muito alto" e arrisca voltar a tornar este país do Médio Oriente numa "base para terroristas internacionais que planeiam e organizam ataques nos países ocidentais".

A posição de Jens Stoltenberg seguiu a mesma linha da assumida segunda-feira pelo líder da maioria Republicana no Senado norte-americano.

Uma rápida retirada, agora, das forças americanas do Afeganistão irá prejudicar os nossos aliados e será uma satisfação para aqueles que nos querem mal.

"Seria uma reminiscência da humilhante retirada americana de Saigão (Ho chi Min, Vietname) em 1975.
Mitch McConnel
Líder da Maioria do Senado dos EUA

Ainda sem admitir claramente a derrota presidencial e a saída da Casa Branca, esta rápida retirada de um total de 2.500 soldados americanos do Afeganistão e do Iraque vai permitir a Donald Trump alegar ter cumprido mais uma promessa feita há quatro anos na campanha vitoriosa para suceder a Barack Obama como Presidente dos EUA.

A decisão criticada até pelo próprio partido Republicano ameaça agravar ainda mais o legado para o Presidente eleito, Joe Biden, já sobrecarregado com a má gestão da epidemia de Covid-19 pela atual Administração.

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