Num mundo ainda dominado pela discriminação e pelos estereótipos fazemos a avaliação da situação entre o progresso e as barreiras existentes em França.
Mulheres e desporto. Um terreno escorregadio para a igualdade de género, ainda dominado pela discriminação e pelos estereótipos. A avaliação da situação entre o progresso e as barreiras existentes em França nesta edição de Unreported Europe que coloca a primeira questão: será que as mulheres algum dia vão vencer a corrida pela igualdade no desporto
Audrey Cordon-Ragot não pratica desporto apenas para vencer, mas também para promover a posição da mulher no ciclismo e explica que a discriminação está profundamente enraizada.
Audrey fundou uma associação para proteger os direitos das mulheres no ciclismo e escolheu competir por uma equipa não francesa, Trek-Segafredo.
O sexismo no desporto pode variar desde a pressão psicológica sutil até à violência física. Aqueles que ousam falar abertamente correm o risco de serem colocados de parte. Algo que custou a Charlotte o emprego como árbitra internacional de hóquei no gelo. Hoje trabalha como árbitra nacional de andebol. Treina diariamente com o marido e colega árbitro Savice.
Charlotte trabalhou como árbitra internacional de hóquei no gelo durante 10 anos, incluindo 7 no nível profissional masculino francês. Arbitrou seis campeonatos mundiais e dois Jogos Olímpicos.
O desporte tem sido tradicionalmente algo masculino tanto em termos de participação quanto de tomada de decisão. A representação feminina nas federações desportivas da UE ronda os 14%. Estudos revelam que é necessário um mínimo de 30% para fazer a diferença. Beatrice Barbusse foi a primeira mulher francesa a liderar um clube desportivo profissional masculino e agora é secretária-geral da Federação Francesa de Andebol. Não é uma tarefa fácil, como explica no seu livro “Sexismo no desporto”.
A socióloga apoia a lei francesa de 2014 que estabelece que as federações desportivas com pelo menos 25% de mulheres devem ter 40% de elementos do sexo feminino nos conselhos de administração.
A nossa viagem continuou até Paris, o coração da indústria da comunicação francesa. Aqui os atletas podem ser transformados em celebridades ou cair no esquecimento.
Estudos internacionais revelam que os eventos desportivos femininos são responsáveis por 15% a 20% da cobertura mediática na Europa, sendo que a imprensa escrita é mais dominada pelos homens. Fomos conhecer o diretor do L'Equipe - um jornal desportivo e canal de TV privado francês.
Em agosto, o l'Equipe foi criticado pelo destaque dado ao Tour de France e não à equipa feminina do Olympique Lyonnais que conquistou o quinto título consecutivo da Liga dos Campeões.
O esforço e a determinação começaram a dar frutos. A situação tem melhorado continuamente em todas as frentes, apesar das barreiras ainda existentes, como a diferença salarial. Claire luta desde 2015 por um Tour de France feminino e isso vai acontecer. A corrida estará de volta em 2022. O seu projeto pessoal foi preponderante.
As ciclistas femininas do projeto de Claire treinam a toda a força, apesar das restrições da Covid-19.
As mulheres perceberam que a união é fundamental para vencer a corrida pela igualdade no desporto. A criação de uma rede entre modalidades tornou-se fundamental para obter um campo de jogo equilibrado onde não há espaço para o sexismo.