Empresários temem impacto do "Brexit" no transporte de frescos

Empresários temem impacto do "Brexit" no transporte de frescos
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De  Euronews
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Apesar do acordo comercial entre o Reino Unido e a União Europeia, há receios de atrasos e de escassez de alimentos nas prateleiras por causa dos controlos fronteiriços

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Durante a noite, o New Covent Garden Market, o maior mercado grossista de frutas, vegetais e flores do Reino Unido, é um viveiro de atividade. Quando os camiões internacionais descarregam as mercadorias, uma brigada local entra em ação para preparar encomendas e fazer as entregas da manhã.

Mesmo durante a pandemia, restaurantes e vendedores querem frutas e legumes frescos o mais rápido possível. Grande parte destes alimentos é cultivada no continente europeu, mas o que acontecerá com o regresso dos controlos fronteiriços no Reino Unido?

Vernon Mascarenhas, diretor comercial da Nature's Choice, não esconde o nervosismo: "O produto foi todo semeado, está a crescer. O problema que temos é com a distribuição. Quando os camiões deixam as nossas quintas em Portugal ou Espanha têm de atravessar França para chegar a Calais. É nessa etapa que me preocupam os problemas que vão começar."

Os frescos são transportados em camiões frigorífico, mas alguns alimentos não resistirão à passagem do tempo.

"Com as beringelas, pepinos e tomates tudo estará bem. O mais delicado são as alfaces. Tudo o que ultrapasse as 48/56 horas começará a deteriorar-se. Diria que teremos de repensar coisas como o espinafre baby, que tem uma vida útil muito curta. Espinafre baby decididamente não funcionaria, nem mesmo num camião frigorífico durante três dias", acrescentou Vernon Mascarenhas.

O diretor executivo da Cold Chain Federation, Shane Brennan, estabelece a ponte entre as empresas de transporte e o executivo, tentando ajudar a preparar todos os cenários possíveis.

"A frase é estar preparado para a fronteira. Ter todos os documentos em ordem. Dependendo dos produtos que se encontram no veículo estarão prontos para cruzar a fronteira", referiu Brennan. Acrescentou: "Se houver falta de preparação, o veículo ficará atrasado. E se existirem lacunas nos documentos terão literalmente de parar e dar meia volta. Isso cria um efeito dominó. Não será preciso muito para abrandar todo o sistema e começar a abrandar tudo de forma dramática. Pequenos atrasos, veículo a veículo, levarão a grandes atrasos para todos."

Os supermercados britânicos preparam-se da melhor forma possível. Para os produtos com um ciclo de vida longo a solução passa por acumular stocks. O governo argumenta que o Reino Unido tem uma cadeia de fornecimento alimentar suficientemente forte e que não haverá escassez, independentemente do acordo comercial com a União Europeia.

Tadhg Enright, Euronews - O presidente da maior rede britânica de supermercados disse, por outro lado, que a escassez de alimentos frescos não pode ser excluída durante um período de semanas, ou possivelmente de meses. Outras pessoas da indústria consideram que os atrasos são mais uma certeza do que um risco. A verdadeira incerteza tem a ver com quanto tempo é que durarão esses atrasos.

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