Portugal fecha escolas e universidades na sexta-feira

As salas de aulas em Portugal voltam a ser fechadas esta sexta-feira devido ao forte agravamento da pandemia, sobretudo pelo impacto da variante britânica do SARS-CoV-2, que o primeiro-ministro já tinha mostrado recear devido à alegada maior propagação entre os jovens.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante um ato de campanha realizado quarta-feira à tarde, já tinha deixado sinais do que o encerramento das escolas e universidades poderia estar por horas.
De acordo com alguns meios de comunicação portugueses, a decisão terá ficado praticamente tomada quarta-feira à noite após uma videoconferência do primeiro-ministro, acabado de regressar de Bruxelas, com os ministros da Educação, da Saúde e da Presidência.
A reunião aconteceu depois de Marta Temido e Mariana Vieira da Silva terem ouvido os peritos habitualmente consultados nas reuniões do Infarmed.
As informações e as previsões recolhidas pelas ministras da Saúde e da Presidência terão convencido António Costa e o ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues a avançar para o fecho imediato do ensino presencial em todos os níveis.
A decisão final foi alinhavada em Conselho de Ministros e anunciada por António Costa no final da reunião. As creches, escolas e universidades suspendem por 15 dias as aulas presenciais, com compensação no calendário escolar.
O fecho total das escolas é a decisão que o Governo andava a tentar evitar, mas, após novos recordes diários de infeções (14.647) e mortes (219) registados quarta-feira no quadro da Covid-19, parece ter-se tornado inevitável.
Os números desta quinta-feira, entretanto, também já são conhecidos, tendo sido registados mais 221 mortos (um novo recorde diário) e 13.544 novas infeções diagnosticadas.
Organizações estudantis exigem fecho
O encerramento das escolas e universidades vai de encontro ao pedido emitido pela Associação Académica de Lisboa (AAL) e a Federação Académica do Porto (FAP), onde ambas as entidades solicitavam ao mesmo tempo a garantia de refeições de ação social para alunos mais carenciados.
No comunicado, citado pela Lusa, a AAL lembrou ainda que "há milhares de estudantes doentes, muitos deles poderão vir a desenvolver problemas crónicos ou correr risco de vida, e possivelmente dezenas ou centenas de milhares em isolamento profilático a sacrificarem o seu desempenho académico".
Na nota, a Associação recorda também que no ano passado defendeu junto do Secretário de estado do Ensino Superior que as aulas deviam ser em regime misto, alertando para a possibilidade de a situação pandémica piorar e que por causa disso o regime presencial deveria ser limitado.
"Na nossa visão, as aulas práticas que são impossíveis de se realizar e serem avaliadas à distância poderiam ser efetuadas presencialmente, sendo o resto on-line", salientam os estudantes lisboetas.
A FAP lembrou que o "ensino superior tem um número elevado de estudantes deslocados, colocando-os na rua e em transportes públicos, o que pode traduzir-se num risco, quer para os mesmos, quer para o seu agregado familiar ou colegas de residência/casa".
Por isso defendem que deve ser garantido o acompanhamento dos estudantes, a nível académico, social e económico.
“Nenhum estudante pode ser deixado para trás por falta de meios tecnológicos. Reforçar os serviços de apoio psicológico é também uma prioridade”, concretiza a entidade portuense.