Cozinhas partilhadas para entrega ao domícilio estão em expansão

Ana Lu Martínez e Juan Diego Gaitán na cozinha partilhada em Madrid
Ana Lu Martínez e Juan Diego Gaitán na cozinha partilhada em Madrid Direitos de autor Euronews
Direitos de autor Euronews
De  Francisco MarquesJaime Velasquez
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Conceito já existe há alguns anos em Portugal, mas agora está a crescer devido aos confinamentos para conter a pandemia e, em Espanha, há uma empresa a investir neste setor

PUBLICIDADE

O negócio das cozinhas partilhadaspara entrega direta ao domicílio está em grande expansão impulsionado pelos confinamentos apertados provocados pela pandemia que a há quase um ano bloqueia o planeta.

Em Espanha, por exemplo, Juan Diego Gaitán e Ana Lu Martínez juntaram as respetivas micro empresas de hamburgueres e sobremesas e estão a partilhar uma cozinha totalmente equipada na plataforma Cuyna, em Madrid. Os dois negócios florescem em plena pandemia e através Internet.

Ao olharmos para a cozinha onde evoluem a Food Craft e a Analú poderemos imaginar tratar-se da "oficina" de um restaurante tradicional, mas no espaço partilhado por Gaitán e Ana Lu no bairro Tetuán, no centro da capital espanhola, não há sala de refeições, empregados nem uma porta com montra para a rua.

Neste espaço da Cuyna, evoluem lado a lado oito marcas alimentares. As refeições ali preparadas saem diretamente das cozinhas para a mesa na casa dos clientes através de estafetas dos diversos serviços existentes de entrega ao domicilio, outro negócio em alta na Europa devido aos atuais confinamentos provocados pela Covid-19.

Com o agora sócio Juan Beltrán, que perdeu o emprego de chefe de cozinha no Hotel Geritage de Madrid onde ganhava cerca de €2.000 mensais até março, Juan Diego Gaitán, um empreendedor digital de apenas 23 anos, fundou a Food Craft, uma hamburgueria de venda ao domicílio.

Um restaurante normal seria incomportável

Juan Diego Gaitán explicou à Euronews que "se tivesse um restaurante normal, as despesas fixas seriam muito maiores".

"Com todas as restrições, essas despesas fixas iriam manter-se. Teríamos de continuar a pagar a renda e, em alguns casos, também os salários. Desta forma, temos total flexibilidade com uma marca de hambúrgueres e uma de doces no mesmo local, sem custos extra", destaca este empreendedor espanhol.

Estima-se que a pandemia tenha vindo acelerar em cerca de cinco anos o desenvolvimento do setor de entrega de comida ao domicílio.

Em Espanha, calcula-se haver agora duas vezes mais pedidos de comida ao domicílio do que antes da Covid-19 e o número de empresas que vendem em exclusivo pela Internet aumentou cerca de 23%.

O correspondente da Euronews na capital de Espanha diz haver, hoje em dia, "cerca de uma dezena de cozinhas partilhadas espalhadas por Madrid".

Jaime Velasquez conta-nos que "a expansão deste negócio está a provocar atritos com os residentes devido aos cheiros e à constante circulação de estafetas" e acrescenta que "também os restaurantes tradicionais reclamam mais regras para este setor" concorrencial em expansão.

A Euronews visitou um outro armazém no centro de Madrid onde a Cuyan está a instalar mais 18 espaços de cozinha totalmente equipadas para alugar a restaurantes que pretendam expandir-se para este setor das refeições ao domicílio.

O cofundador da Cuyna disse-nos percebe as preocupações em torno deste novo e disruptivo modelo de negócio, mas defende que estas cozinhas partilhadas respeitam todos os critérios.

"Os requisitos sanitários, higiénicos e urbanísticos são os mesmos ou mais para uma instalação destas", sublinha mesmo Jaime Martínez de Velasco, um antigo funcionário da Delivroo, uma das várias empresas multinacionais de entrega de comida ao domicílio e que já explorava em Madrid duas "cozinhas fantasma", assim está agora a ficar conhecido este conceito.

Velasco acredita que as cozinhas partilhadas estão para ficar e, o mais certo, defende, é que venham até a complementar-se com os restaurantes tradicionais, como já acontece, por exemplo, no setor têxtil.

Os restaurantes terão cada vez mais espaços em ruas com muito trânsito e depois cozinhas que lhes permitam ser muito ágeis e manter a qualidade na entrega ao domicílio, como acontece com a Cuyna.
Jaime Martínez de Velasco
Cofundador da Cuyna, em Madrid

Conceito não é novo mas ganhou força

Este tipo de negócio não é propriamente novo nem resultou da pandemia.

Em Portugal, existe desde 2016, por exemplo, a Cozinha Partilhada de Alfazina, em Almada, onde micro e pequenas empresas do setor alimentar podem usufruir de uma cozinha totalmente equipada a troco de uma renda mensal de 125 €, já com despesas de água, eletricidade e manutenção de equipamentos incluídas.

Cozinha Partilhada de Alfazina
Incubadora Municipal de Almada pode acolher até seis "start ups" em convivênciaCozinha Partilhada de Alfazina

A cozinha partilhada na Cuyna pela Food Craft e a Analú tem uma renda de €2.100 mensais e a isso há que somar apenas as despesas com fornecedores e com as embalagens. Há ainda um salrio a pagar a outro cozinheiro, amigo de Juan Beltrán.

PUBLICIDADE

Tudo o que ganham em turnos de 12 horas, em média, garantem estar a reinvistir. Durante a semana, fazem uma média de 15 refeições diárias, aos fins de semana podem chegar às 340. O fecho obrigatório durante a madrugada das atividades alimentares produzem apenas 120 refeições ao fim de semana.

O sucesso da empresa é tal que os dois sócios da Food Craft estão a ponderar abrir mais uma "cozinha fantasma" que lhes permita servir um outro raio de 2,5 quilómetros e chegar a mais clientes madrilenos.

Outras fontes • El Espanol

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Estudo aborda impactos do confinamento nas crianças

Pandemia testa força e solidariedade da UE

Covid-19 obriga Europa a fechar-se