Morreu Carlos Menem

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Direitos de autor Natacha Pisarenko/Copyright 2019 The Associated Press. All rights reserved
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De  euronews com EFE e Lusa
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O antigo presidente argentino tinha 90 anos e estava internado há dois meses no hospital

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O antigo presidente argentinoCarlos Menem morreu este domingo aos 90 anos. Informação avançada pelo hospital Los Arcos de Buenos Aires, onde estava internado desde 15 de dezembro com problemas renais, e já confirmada pela família.

Menem foi presidente da Argentina entre 1989-1999 e marcou os anos 90 quer pelo seu estilo pessoal de exercício do poder e a sua gestão liberal da economia, quer pelos escândalos de corrupção.

O actual chefe de estado, Alberto Fernandez, também peronista, como Menem, expressou o seu "profundo pesar" e decretou três dias de luto nacional em memória de quem, "sempre eleito em democracia", foi governador da província de La Rioja e presidente da nação, mas também senador, cargo que ocupava desde 2005.

Um "peronista" questionado pelo "peronismo"

Menem, filho de pais sírios e advogado de carreira, saltou para a peimrira linha da política após vencer as eleições de 1973 para governador da sua Rioja natal, cargo que ocupou até 1976, quando foi preso após o golpe que levou à última ditadura (1976-1983), e novamente de 1983 até às eleições presidenciais de 1989, que continuou a vencer.

A gestão económica foi controversa, com uma grande abertura comercial e um intenso processo de privatização de empresas estatais. Para derrotar a inflação, o que conseguiu, em 1991 implementou o o sistema que manteve a paridade entre o peso e o dólar durante mais de uma década.

"Tive muitas diferenças com ele, (mas) nunca quebrei o diálogo. (...) A realidade é que Menem era uma personagem única, um homem muito amável", disse Alberto Fernandez hoje, que definiu o antigo chefe de Estado como um "animal político por natureza".

O gosto pelas corridas com o seu Ferrari, o perfil de "playboy" ou os seus encontros com Michael Jackson ou Madonna, foram questionados dentro do partido fundado pelo ex-presidente Juan Perón por vozes como os também ex-presidentes Néstor Kirchner (2003-2007) e a sua viúva Fernández, que o acusaram de promover um neoliberalismo que não consideravam típico do peronismo.

Também controversos foram os perdões que assinou em favor tanto dos oficiais militares que participaram na ditadura como dos líderes da guerrilha de esquerda, o que o colocou em desacordo com as principais organizações de direitos humanos.

Acusações de corrupção

Com grandes divisões no peronismo, Menem concorreu pela última vez nas eleições de 2003, e embora tenha ganho na primeira volta, renunciou disputar a segunda volta, dando a vitória automática a Kirchner, que era o favorito.

Os anos Menem foram marcados por alegações de corrupção, uma época em que o Supremo Tribunal foi também acusado de formar uma "maioria automática" que sempre decidiu a favor do poder executivo.

Para além de um processo por alegado enriquecimento ilícito que decorre nos últimos cinco anos, Menem foi detido durante seis meses em 2001 por alegadamente ter vendido armas à Croácia e ao Equador - processo em que foi condenado na primeira instância, mas acabou por ser absolvido.

Foi também condenado a quatro anos de prisão pelo pagamento de bónus durante o seu governo, mas nunca foi preso devido aos seus privilégios como senador desde 2005.

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