O artista Pablo Hasél foi preso, esta terça-feira, por injúrias à coroa espanhola e às forças policiais e apologia do terrorismo.
Protestos violentos deixaram várias cidades espanholas a ferro e fogo e fizeram mais de trinta feridos, esta noite, após a detenção de um "rapper".
Pablo Hasél estava barricado desde 15 de fevereiro, numa universidade da Catalunha, para evitar a prisão. O artista, visto por alguns como símbolo da liberdade de expressão, foi detido esta terça-feira e enfrenta uma pena de nove meses por injúrias à coroa e às forças de segurança e apologia ao terrorismo.
Hasél tinha até sexta-feira para se entregar de forma voluntária e começar a cumprir a pena.
A sentença vem de 2018, ano em que o rapper espanhol foi condenado a dois anos de prisão e uma multa de 30 mil euros. A pena acabaria por ser reduzida para nove meses, por ter sido considerado que as mensagens "não representavam perigo real".
O governo espanhol já prometeu uma revisão do código penal, para implementar "medidas dissuasivas" em vez da prisão.
Em conferência de imprensa, a vice-primeira-ministra espanhola, Carmen Calvo, afirmou que o executivo pensa "que em todas as questões que derivam da liberdade de expressão e que não implicam um risco para a segurança das pessoas, a reação sancionatória do Estado com a privação da liberdade é, na nossa opinião, uma reação que não é apropriada no contexto das liberdades de uma democracia".
Já em 2014, Hasél tinha sido condenado a dois anos de prisão com pena suspensa, por ter publicado mensagens em que apelava à morte da família real e elogiava grupos terroristas como a ETA.
Vários artistas e figuras públicas, como Pedro Almodóvar e Javier Bardem, demonstraram, no entanto, apoio ao rapper, através de uma petição, apelando a uma mudança na chamada "Lei da Mordaça" em Espanha.
O caso de Pablo Hasél não é inédito no país. Em 2018, o rapperValtrónyc foi condenado por ataques à monarquia. Vive desde então exilado na Bélgica, para onde fugiu, e a justiça espanhola pede a sua extradição.