O pesadelo por trás do mundial do Qatar

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Direitos de autor Vadim Ghirda/Copyright 2018 The Associated Press. All rights reserved.
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De  Bruno Sousa
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Mais de 6500 migrantes perderam a vida no Qatar nos últimos dez anos e uma fatia considerável das mortes está por explicar

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O sonho do Campeonato do Mundo de futebol no Qatar, em 2022, só é possível devido ao pesadelo dos trabalhadores que transformam o megalómano projeto em realidade. Uma investigação do Guardian revelou que mais de 6500 migrantes perderam a vida no país nos últimos dez anos.

Números assustadores mas que não espelham uma realidade que se teme ainda mais negra, uma vez que apenas incluem migrantes de cinco países asiáticos (Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka), faltando comunidades significativas como os trabalhadores provenientes de Filipinas ou Quénia.

Para melhor perceber os números, a euronews falou com a Fair Square Projects.

Nick McGeehan, diretor da empresa que se dedica aos direitos dos trabalhadores, refere que "não há nenhuma dúvida sobre a veracidade destes números" e acrescenta que "o mais perturbador não são as 6750 mortes, mas o facto de 69% dessas mortes não terem sido explicadas. São mais de cinco mil mortes por explicar entre os trabalhadores migrantes num período de dez anos, e penso que é esse o verdadeiro escândalo aqui."

No que diz respeito às condições laborais dos migrantes que trabalham na construção de estádios e infraestruturas de apoio para o mundial, McGeehan também aponta o dedo:

"Há já muito tempo que temos notícias e relatórios que denunciam situações graves de abuso e exploração dos migrantes no Qatar. Sabemos que trabalham demasiadas horas sem parar, sabemos que são mal pagos ou por vezes nem sequer recebem, sabemos que estão alojados em casas sobrelotadas e sem condições sanitárias. Tudo isso está bem documentado. A informação mais pertinente sobre as condições foi revelada em 2019, um relatório que apontou o calor como a causa mais provável para o elevado número de mortes. Quando olhamos para a proteção que recebem contra o calor extremo no Qatar, vemos que é completamente desadequada. Estes trabalhadores não só enfrentam longas jornadas de trabalho, como têm de o fazer em condições bastante perigosas. Penso que este contexto é essencial quando vemos um número tão elevado de mortes por explicar."

Para o governo do Qatar, a mortalidade está "dentro da normalidade para a dimensão e demografia da população", já a FIFA destaca que o número de acidentes de construção é "baixo quando comparado com outros grandes projetos de construção".

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