Aung San Suu Kyi alvo de mais acusações no tribunal em Myanmar

Manifestantes pró-democracia exigem a libertação da Nobel da Paz de 1991
Manifestantes pró-democracia exigem a libertação da Nobel da Paz de 1991 Direitos de autor AP Photo/Fu Ting
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De  Francisco Marques com Associated Press, France Press
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Conselheira de Estado esteve em nova audiência por videoconferência após mais um dia de protestos pró-democracia e de violenta repressão policial na antiga Birmânia

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Aung San Suu Kyi foi alvo esta segunda-feira de novas acusações em Myanmar.

Na segunda audiência conhecida desde que a Conselheira de Estado e líder de facto do governo eleito em novembro foi detida pelos militares há um mês, Suu Kyi foi agora também acusada de violar leis da era colonial, por supostamente perturbar a tranquilidade pública e potenciar o medo.

A audiência por videoconferência da Nobel de Paz de 1991 aconteceu após mais um dia de repressão violenta pelas autoridades dos protestos pelo regresso democracia que têm vindo a ganhar força e a resistir ao regime militar instalado na antiga Birmânia desde o primeiro dia de fevereiro.

Na sequência da repressão dos protestos deste domingo, as Nações Unidas falam em pelo menos 18 mortos. A agência France Press garante ter confirmado pelo menos 10 junto de "fontes independentes" e refere relatos de meios de comunicação locais que apontam a um balanço de vítimas ainda superior ao organização sediada em Genebra e Nova Iorque.

Uma porta-voz da agência de direitos humanos da ONU disse à Associated Press que "o mais preocupante é tratar-se de uma força militar com cadastro de violações impunes dos direitos humanos e uma total falta de responsabilização".

"Estamos preocupados que o potencial do ocorrido seja ainda mais mortal", acrescentou Ravina Shamdasani.

O próprio Secretário-geral da ONU, o português antónio Guterres, também condenou esta segunda-feira a "mortal repressão" e apelou à "comunidade internacional para enviar um claro sinal aos militares de que têm de respeitar a vontade do povo de Myanmar, expressa nas eleições e parar com a repressão."

Já esta segunda-feira, os protestos voltaram às ruas de algumas das principais cidades de Myanmar.

A France Press cita relatos de meios de comunicação locais e refere disparos das forças segurança junto à prisão de Rangum, onde manifestantes protestavam contra as detenções efetuadas nos últimos dias.

Noutras zonas da capital económica da antiga Birmânia, os manifestantes pró-democracia levantaram barricadas nas estradas, preparando o cenário para o que poderá ser mais um dia de violência num país com um regime militar imposto há já um mês devido a alegada fraude eleitoral, não comprovada, nas eleições de novembro.

Um dos advogados de Aung San Suu Kyi contou ter estado em contato com a Conselheira de Estado, disse tê-la visto "de boa saúde" e revelou que a próxima audiência da líder de facto do Governo está prevista para 15 de março.

Suu Kyi, que está proibida pela Constituição de chefiar o governo de Myanmar por ter sido casada com um estrangeiro e ter também filhos estrangeiros, foi detida a 1 de fevereiro, inicialmente acusada de ter importado ilegalmente seis "walkie-talkies" e de desrespeitado as leis de proteção contra tragédias naturais, que no quadro atual são as restrições para conter a Covid-19.

Outras fontes • Reuters

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