Itália suspende lote da vacina AstraZeneca/Oxford

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De  Francisco Marques com AP, AFP, Ansa e Lusa
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Italianos preparam ainda novas restrições contra a Covid-19. França e Grécia estão também a tentar gerir um agravamento da epidemia, enquanto Portugal prepara reabertura progressiva

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A União Europeia continua a dividir-se na gestão da epidemia de Covid-19 e essa desunião sente-se agora também na forma como cada país parece estar a lidar com as recentes suspeitas levantadas em torno da vacina desenvolvida pela AstraZeneca/Oxford.

Com a quarta vacina já certificada, a Johnson & Johnson, ainda sem estar a uso, a proposta mais barata e mais fácil de manusear das três já validadas há algum tempo para os "27" está a ser relacionada a alguns casos de efeitos adversos após inoculação e alguns países começaram a suspender o respetivo uso, como por exemplo a Bulgária, onde morreu uma mulher de 57 anos já vacinada.

O Estado-membro mais recente é a Itália, que limitou a suspensão a um lote específico, que terá sido usado em duas pessoas que revelaram "eventos adversos graves", confirmou o primeiro-ministro italiano.

Mario Draghi esclareceu tratar-se de "uma decisão preventiva, em linha com o que foi feito noutros países europeus e que demoinstra a eficácia do sistema de 'farmacovigilância'. "A opinião da AIFA (Agência Italiana do Medicamento), partilhada pelos cientistas, é de que não há evidências de que esses eventos estejam relacionados à administração da vacina", acrescentou o chefe de Governo, explicando que a Agência Europeia do Medicamento (EMA) também está a investigar os vários casos suspeitos e, entretanto, recomendou manter o uso da vacina.

Também a Organização Mundial de Saúde garante não haver razão para suspender a vacinação com a proposta da AstraZeneca/Oxford.

Seja qual for a decisão da EMA, posso assegurar que a campanha de vacinação prosseguirá com a renovada intensidade.

"Hoje, já podemos ver os primeiros resultados desta aceleração.
Mario Draghi
Primeiro-ministro de Itália

"Só nos primeiros 11 dias de março", referiu Draghi, "foram administradas quase 30% de todas as vacinas previstas até final do mês". "É o dobro da média dos dois meses anteriores. O ritmo de vacinação é atualmente de 170 mil por dia", sublinhou o primeiro-ministro, num dia em que Itália registou 26.824 novas infeções e 380 mortes, um agravamento face a quinta-feira (25.673/ 373).

O governo italiano decidiu "fechar" o país em casa durante o fim de semana da Páscoa e apertar, já a partir de segunda-feira, as restrições nas regiões "vermelhas" da epidemia, como a Lombardia.

Mario Draghi diz que as medidas "são necessárias para evitar um agravamento que tornaria inevitável medidas ainda mais severas".

"Estas novas medidas vêm acompanhadas de ações do Governo para apoiar as famílias e as empresas, e para acelerar a campanha de vacinação, o que, por si só, dá esperança a Itália de conseguir sair da pandemia", concretizou.

França

A leste dos Alpes, a epidemia está também a agravar-se, nomeadamente na região de Paris, onde a situação "é extremamente tensa", assumiu o primeiro-ministro Jean Castex.

A Agência francesa de Segurança do Medicamento e dos Produtos de Sáude (ANSM) mantém a total confiança no uso da vacina da AstraZeneca/Oxford, em linha com a EMA, que encontrou apenas 30 casos suspeitos na Europa em cerca de cinco milhões de pessoas já inoculadas com o medicamento agora em causa.

No dia em a França ultrapassou os 4 milhões de casos diagnosticados (+25.229) e os 90 mil mortos (+228, em ambiente hospitalar) no quadro do SARS-CoV-2, o primeiro-ministro Jean Castex visitou um hospital e alertou para o aumento da pressão sobre as unidades de saúde pelo país, com impacto grave nos "doentes não-covid" devido, por exemplo, ao recorrente adiamento de cirurgias.

A estratégia do Governo continua a ser a gestão local das regiões mais afetadas pela epidemia, mantendo de parte impor restrições a nível nacional para lá do recolher obrigatório entre as 18 horas e as 06 horas do dia seguinte e das regras básicas de segurança sanitária comunitária.

Grécia

No sudeste da União Europeia, tenta-se gerir também um agravamento das infeções a cerca de dois meses do ansiado regresso do turismo estrangeiro ao país.

A média móvel do índice de diagnósticos positivos na Grécia ultrapassou pela primeira vez este ano os 4% (chegou a 4,5%) e os peritos relacionam este agravamento à proliferação das novas variantes do vírus.

Esta sexta-feira, foram registadas na Grécia mais 2.405 infeções e 49 mortes. Há pelo menos 571 "doentes covid" nos cuidados intensivos (UCI) e o índice de positividade diário atingiu os 5.05%.

O Governo decidiu fechar as escolas e alargar as regiões no "vermelho" -- há agora mais oito, num total de 13, incluindo agora também a ilha de Lesbos. As restrições começam a provocar fadiga nos gregos e os protestos têm-se feito sentir em diversas cidades.

Portugal

A Grécia revela-se um contraste com a situação vivida no extremo sudoeste da União Europeia. Um apertado estado de emergência têm sido respeitado de uma forma geral e isso contribuiu para uma queda acentuada nos contágios e na mortalidade registada em Portugal.

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Esta sexta-feira, a Direção-geral de saúde anunciou apenas 577 novas infeções e mais 15 mortes.

A partir de segunda-feira, Portugal ensaia um desconfinamento progressivo, com a abertura do ensino pré-escolar e do primeiro ciclo, mas também de algum comércio, nomeadamente de cabeleireiros e da permissão da chamada venda ao postigo.

A Páscoa, no entanto, já se sabe que será celebrada pelos portugueses em confinamento, uma decisão do Governo elogiada pelo Presidente da República, que já anteviu um novo estado de emergência.

"É muito provável que a partir do dia 01 de abril, cobrindo o período da Páscoa, haja ainda uma renovação do estado de emergência, mas vamos esperar para ver”, disse Marcelo Rebelo de Sousa ao final do dia em Madrid, antes de regressar a Lisboa de uma viagem que começou no Vaticano, com uma audiência com o Papa Francisco.

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