Começa o julgamento da IKEA em França. Filial gaulesa é acusada de criar sistema de vigilância ilegal para controlar os funcionários
Começou, esta segunda-feira, em Versalhes o julgamento da filial francesa do Ikea, acusada de ter criado um sistema de vigilância ilegal para controlar os funcionários.
Segundo a acusação, foram recolhidas informações confidenciais de centenas de pessoas, incluindo sindicalistas. Foram analisados ao detalhe, por exemplo, o estilo de vida ou os antecedentes criminais.
Uma das vítimas, o delegado sindical Hocine Redouani, conta:
"Infelizmente tive um homónimo que era um ladrão de bancos e a forma como estes pedidos de ficheiros e registos criminais tinham sido feitos, é amadora porque quando se pede este tipo de informação, coloca-se pelo menos a data de nascimento da pessoa e não era esse o meu caso. Eles contentaram-se com o meu primeiro e último nome e, como resultado, dou por mim a assumir o papel de um ladrão de bancos".
A filial francesa da gigante sueca de venda de móveis e produtos para a casa emprega cerca de 10.000 pessoas e caso seja condenada, a multa poderá ascender aos 3,75 milhões de euros.
Perante o tribunal terão de responder mais de 15 pessoas onde se inclui a atual presidente executiva, Karine Havas, os antecessores Stefan Vanoverbeke e Jean-Louis Baillot, até de outras 15 pessoas (gerentes de loja, policiais e ex-executivos)
De acordo com o advogado da IKEA, Emmanuel Daoudan, "não existe qualquer qualificação criminal relacionada com um sistema de espionagem, basta ler os termos da ordem de encaminhamento para nos convencermos disso. Dizer-se que havia um sistema de espionagem generalizada dentro desta empresa é materialmente e legalmente falso".
Alegadamente, a IKEA pagou mais de 600 mil euros para manter o esquema que terá durado entre 2009 e 2012, altura em que foi denunciado por um sindicado.
O julgamento deve prolongar-se até dia 02 de abril.