Navio porta-contentores bloqueia Canal do Suez

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Direitos de autor Planet Labs Inc./AP
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De  Francisco Marques
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Interrupção total da circulação naval no #Suez demorou várias horas e foi necessário reativar uma via antiga. Trabalhos para desencalhar o #EverGiven continuam, mas já provocaram ondas de choque na bolsa de Londres

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Um dos maiores navios do mundo encalhou terça-feira no Canal do Suez, no Egito, e continua a bloquear o tráfego de embarcações entre o Mar Vermelho, a sul, e o Mediterrâneo, a norte. As "ondas de choque" chegaram à bolsa de Londres.

O "Ever Given", um porta contentores com bandeira do Panamá e operado pela empresa de Taiwan "Evergreen", tem quase 220 mil toneladas e 400 metros de comprimento, estava em trânsito da China, na Ásia, para Roterdão, na Holanda, quando terá sido apanhado por rajadas de vento a rondar os 70km/h à entrada do canal e acabou encalhado.

Só na quarta-feira de manhã foi possível retomar parcialmente a circulação no Suez, com a reativação de uma via antiga, mas o congestionamento continua a aumentar e os atrasos agravam-se.

O impacto comercial ainda não é conhecido, mas para o professor Salvatore Mercogliano esta interrupção na exportação de produtos entre a Ásia e a Europa pode vir a provocar "um enorme prejuízo" nos mercados dependentes do Suez.

"Há bens que não são exportados da Europa para o extremo oriente. Isto vai ter um enorme impacto na produção e na disponibilidade de produtos na Europa e na Ásia", considerou o professor de História da universidade Campbell, na Carolina do Norte, Estados Unidos.

Na bolsa de Londres, no Reino Unido, o bloqueio de horas do Canal do Suez provocou quarta-feira um aumento de 3,71% no preço do barril de Brent (o petróleo extraído no Mar do Norte), devido aos receios de atrasos no abastecimento internacional. Os receios dos investidores continuam.

O sucessor da "Boa Esperança"

O canal do Suez é uma via artificial com 164 quilómetros, aberta há mais de 150 anos para permitir um acesso marítimo mais curto e fácil entre a Ásia e a Europa ocidental, até ali realizado sobretudo pela longa rota portuguesa do Cabo da Esperança.

Se o bloqueio se mantiver mais tempo e o congestionamento de navios a avolumar-se, algumas transportadoras poderão retomar a rota que contorna a África do Sul, o que deverá custar mais uma semana de navegação e natural agravamento no custo do transporte devido também ao uso de mais combustível.

Ao longo de 2020 o Suez terá sido atravessado por cerca de 19 mil navios e só num dia, em agosto, terão cruzado o canal mais de seis toneladas de produtos. Estima-se que o canal fluvial egípcio seja responsável por mais de 10% do mercado marítimo internacional.

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