Forças militares moçambicanas em luta de guerrilha contra extremistas em Palma. Populações em fuga. Governo garante estar a cumprir o seu papel.
Vila de Palma, Moçambique é o regresso da guerrilha a um país que assinou, em 2019, de um acordo de paz entre o presidente Filipe Nyusi e a Renamo.
Mas o conflito agora é outro. Extremistas, ligados ao grupo estado islâmico, conseguiram infiltrar-se em Cabo Delgado, há três anos e meio e têm vindo a ganhar terreno enquanto aterrorizam as populações, e cometem atrocidades indescritíveis.
A luta tem vindo a intensificar-se nos últimos dias e uma equipa da RTP, a televisão estatal portuguesa, acompanhou militares moçambicanos na sua incursão ao terreno e no meio de um tiroteio.
A Televisão de Moçambique sobrevoou a vila e diz que Palma está quase vazia, que os insurgentes se escondem nas casas enquanto são perseguidos pelas forças militares governamentais.
Restarão algumas bolsas de resistência como explicava, aos jornalistas, oporta-voz das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, dizendo que se trata de _"_pequenos grupos, muitas vezes misturados com alguma população remanescente que têm estado a fazer esses tiros de desgaste às nossas forças. Mas, seguramente, não há um grande grupo terrorista na vila de Palma", assegurava Chongo Vidigal.
A Frelimo, o partido no governo nega as acusações de que o executivo negligenciou a ameaça extremista. Caifadine Manasse, porta-voz da Frente de Libertação de Moçambique, afirmava que "em qualquer parte do mundo o terrorismo é algo [que acontece] de surpresa, é algo que acontece de uma forma desprevenida. Para nós, o governo está a responder, cabalmente, aos desafios que está a ter em Cabo Delgado capacitando as forças de Defesa e de Segurança e fazendo tudo o que está ao seu alcance para proteger a população", garantia o deputado.
Mas a situação Humanitária continua a agravar-se ainda que várias organizações não-governamentais estejam já no terreno a prestar apoio.
Pemba é destino seguro para quem fugiu da violência. Famílias inteiras, ou parte delas. Há muita gente, dizem, ainda em Palma, escondida nas matas. Há mesmo uma mulher que deu à luz no meio do mato. E quem tenha ficado sete dias sem qualquer ajuda, sem água, ou comida.
Há famílias desfeitas e sobretudo a incerteza consome estas pessoas que não sabem se alguma vez se reencontrarão com os entes queridos. A maioria não tem dinheiro nem comida nem um plano para hoje, muito menos para o futuro. Alguns dizem que regressarão a casa, quando a guerra terminar, seja lá isso quando for, outros não. As feridas são difíceis de cicatrizar.