Vacinação no Amazonas avança de canoa pelos locais mais remotos

Equipas de saúde em missão de vacinação no estado do Amazonas
Equipas de saúde em missão de vacinação no estado do Amazonas Direitos de autor AP
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De  Francisco Marques com Associated Press
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Estado do norte do Brasil já administrou mais de meio milhão de vacinas anticovid. A nível nacional, quase 12% dos brasileiros já receberam pelo menos uma dose, mas situação epidemiológica é ainda preocupante

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O estado do Amazonas, no norte do Brasil, é um dos mais afetados pela epidemia de Covid-19 no país e o berço de uma das variantes do SARS-CoV-2 a gerar mais preocupação em todo o mundo.

A 160 quilómetros de Manaus, rio Amazonas acima, localiza-se a pequena vila de Anamã, de 13 mil habitantes. Situa-se nas margens de um afluente do rio Solimões, nome dado à parte superior do Amazonas, após a confluência com o Rio Negro.

Anamã é um dos locais remotos onde a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) tem vindo a tentar vacinar a população mais idosa contra a Covid-19.

Maria Josineuda é uma das enfermeiras destacadas nesta missão e a 1 de abril tinha Anamã no plano de viagem. Foram três horas de canoa e um dos primeiros "clientes" na lista era Joana da Costa, de 64 anos, que reside numa casa sobre água da rio.

"Foi ótimo. Chegaram em boa horas essas vacinas para os idosos porque eu tinha medo desta doença. Tinha, não, eu tenho", afirmou Joana da Costa, uma das habitantes de Anamã agora já imunizada contra o SARS-CoV-2.

Rio acima, a enfermeira Maria Josineuda tem ainda mais gente à espera.

"Já estamos a dar a segunda dose e assim ficamos com mais gente imunizada. Sentimo-nos realizados a fazer o nosso trabalho. É gratificante também", assume a profissional de saúde, no meio de uma missão que a leva pelas águas barrentas do rio até desembarcar mesmo na vila, onde tem mais algumas visitas agendadas.

É o caso de Luizete Soares, de 66 anos. Mais uma das residentes de Anamã a receber a segunda dose da vacina chinesa CoronaVac, uma das primeiras contra a Covid-19 a serem autorizadas para uso no Brasil.

Só o estado do Amazonas aplicou mais de 573 mil doses de vacinas até este domingo, incluindo 133 mil já de segunda leva, num balanço ainda sem dados de algumas das secretarias de saúde municipais, incluindo curiosamente a da Anamã entre as que estavam em falta.

Na atualização da situação epidemiológica do Amazonas, a secretaria de Saúde estadual anunciou este domingo mais 448 novas infeções (num total de mais de 352 mil casos) e 11 mortes confirmadas no quadro da Covid-19 (12.072 no total).

No quadro nacional da epidemia, o Ministério da Saúde do Brasil registou neste domingo de Páscoa mais 1.240 óbitos e 31 mil novas infeções, agravando os totais para quase 13 milhões de casos e 331.443 óbitos, mantendo a triste posição de segundo país mais afetado do mundo pela Covid-19, somente atrás dos Estados Unidos (30,7 milhões de casos/555 mil mortes, de acordo com a Universidade Johns Hopkins)

Em termos de vacinação, o jornal Folha de São Paulo estima que quase 12% da população adulta brasileira tenha recebido pelo menos uma dose e 3,3% já esteja totalmente imunizado contra a Covid-19.

Ainda assim, de uma forma geral, a situação é ainda preocupante em diversas zonas do Brasil tendo o município do Rio de Janeiro, por exemplo, decretado um confinamento apertado de 10 dias que terminou neste domingo de Páscoa.

A fiscalização ao longo deste período, de acordo com a Agência Brasil, levou a prefeitura a registar mais de 10 mil autuações, das quais pelo menos 10% só no dia de Páscoa, teve ainda de fechar 130 estabelecimentos comerciais e passar 819 multas a ambulantes, restaurantes e bares.

Editor de vídeo • Francisco Marques

Outras fontes • Agência brasil, Folha, EmTempo

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