Junta militar do Myanmar acusa Aung San Suu Kyi de novos crimes. Birmaneses manifestam apoio à Prémio Nobel da Paz.
Milhares de pessoas desafiaram, esta segunda-feira, a junta militar que está no poder no Myanmar e protestaram contra o golpe de fevereiro que derrubou o Governo liderado por Aung San Suu Kyi.
Os manifestantes expressaram o apoio à Prémio Nobel da Paz, que enfrenta agora novas acusações. Suu Kyi foi acusada de violar uma lei destinada a controlar a propagação do novo coronavírus no país. Ela enfrenta, também, acusações de importação ilegal de walkie-talkies e incitação à desordem pública.
A líder birmanesa, que não era vista em público desde que foi detida no dia um de fevereiro, apareceu, esta segunda-feira, em tribunal por videoconferência e, segundo o advogado Khin Maung Zaw, encontra-se bem de saúde.
A junta militar impôs fortes restrições ao acesso à internet, culminando num encerramento quase total desde o início de abril.
Os contestatários foram obrigados a recorrer a meios mais tradicionais, como o boletim "Molotov", para difundirem as informações.
"Mesmo que um de nós seja preso, há jovens que continuarão a produzir o boletim informativo Molotov. Mesmo que um de nós seja morto, aparecerá outra pessoa quando alguém cair. Este boletim informativo 'Molotov' continuará a existir até que a revolução seja bem-sucedida", afirma o editor do "Molotov" Lynn Thant (nome fictício).
A junta militar tem reprimido violentamente toda a oposição. Desde 01 de fevereiro, mais de 3000 mil pessoas, onde se incluem jornalistas e celebridades, foram detidas. Segundo a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos, mais de 700 pessoas morreram nos protestos.