O funeral de um "príncipe" morto pelo alegado engano de uma polícia

Centenas de pessoas participaram nas cerimónias fúnebres de Daunte Wright
Centenas de pessoas participaram nas cerimónias fúnebres de Daunte Wright Direitos de autor AP Photo/John Minchillo
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De  Francisco Marques
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Daunte Wright, de 20 anos, foi abatido por uma agente que terá confundido a arma com um "taser" e enterrado dois dias após o veredito no caso George Floyd

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O funeral de Daunte Wright, de 20 anos, decorreu esta quinta-feira, em Minneapolis, nos Estados unidos, cerca de 48 horas depois do anúncio, na mesma cidade, do simbólico veredito no caso da morte de George Floyd, ocorrida em maio do ano passado.

Wright, de 20 anos, foi morto a 11 de abril, no decorrer de uma operação "stop" de rotina que degenerou para um confronto fatal com a polícia.

O jovem terá sido parado por ter o registo de matrícula que carro conduzia fora de prazo, os agentes terão ainda confrontado o suspeito com um ambientador pendurado num dos retrovisores da viatura, o que é proibido no estado do Minnesota.

Ao verificarem os dados de Wright, foi ainda verificado que existia uma mandado de detenção sobre o jovem por ter faltado a uma apresentação judicial, uma medida cautelar no âmbito de um processo em que o suspeito está acusado de posse ilegal de arma e fuga às autoridades.

O jovem terá resistido uma vez mais à detenção e uma das agentes na operação atingiu-o a tiro, alegando mais tarde ter confundido a arma com um "taser".

Kimberley Potter, a experiente agente da polícia que puxou o gatilho, demitiu-se poucos dias depois e já foi acusada formalmente pela morte de Wright.

Na eulogia durante o funeral, o reverendo Al Sharpton, um reconhecido ativista de direitos civis, disse que Daunte Wright não era "apenas um jovem com um ambientador", mas "um príncipe". "Toda a Minneapolis parou para honrar o príncipe de Brookly Center", afirmou o reverendo, apelando às autoridades a treinar os agentes para "não confundirem armas com 'tasers', não dispararem contra pessoas com crianças no banco de trás, numa referência a Philando Castillo, e a "não colocarem joelhos no pescoço das pessoas durante nove minutos e 29 segundos”.

Esta última referência a reportar-se à mediática morte de George Floyd, cujo vídeo deu a volta ao mundo e tornou-se símbolo da luta contra o abuso da força pelas autoridades contra minorias étnicas.

A morte de Daunte Wright relançou os protestos em Minneapolis, a mesma cidade onde foi morto em maio do ano passado George Floyd, e ameaçou inflamar os ânimos na cidade no mesmo dia em que era lido o veredito de Derek Chauvin, o polícia implicado na morte de Floyd.

Chauvin foi considerado pelos 12 jurados culpado das três acusações por que responde em tribunal: homicídio de segundo e terceiro grau, e por negligência. A sentença ainda não é conhecida, mas pode ir até 40 anos de prisão.

O processo contra Kimberley Potter ainda está na fase inicial.

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