A transferência das universidades públicas para fundações especiais gera polémica na Hungria. Governo é acusado de entregar as universidades a aliados
O parlamento húngaro aprovou uma lei controversa, que coloca 11 universidades estatais sob o controlo de fundações especiais que vão receber financiamento e bens estatais no valor de milhares de milhões de euros e serão controladas por conselhos de administração constituídos por aliados de Viktor Orban.
Durante o debate da proposta de lei, choveram críticas com as do deputado da Coligação Democrática, Gergely Arató: "Esta proposta e toda a reorganização das universidades têm tudo a ver com a apropriação deste enorme bem, o ensino superior húngaro, de imenso valor não só financeiro, mas também em conhecimento, comunidade, tradição, prestígio - tudo isto longe do povo húngaro e dando-o a amigos de confiança".
O governo húngaro fala de investimento nas universidades e argumenta que o novo modelo aumentará fortemente a sua eficiência.
"Se estas instituições não puderem funcionar de forma mais aberta, se não puderem utilizar os recursos de desenvolvimento de forma eficiente - e estão obrigadas porque recebem um montante de investimento nunca antes visto - estas universidades nunca se tornarão competitivas, afirma Tamás Schanda, secretário de Estado da Inovação e Tecnologia.
De acordo com o especialista do ensino superior, György Fábri, embora a reforma expanda claramente a influência do partido governante, também tem os seus méritos: "Há uma coisa que necessitará definitivamente de ser enquadrada: a responsabilidade dos membros do Conselho de Administração. Eles têm um sério poder de decisão. Quer a universidade se saia bem ou não, isso deve ter um efeito no seu mandato. De momento, esta questão não está regulamentada - mas deveria estar".
Tal como está a lei, os membros dos conselhos de administração são praticamente inamovíveis. Das 31 universidades estatais húngaras, apenas seis permanecem sob o controlo total do estado. O governo de Viktor Orbán declarou que o desenvolvimento do ensino superior será uma das prioridades na aplicação dos novos fundos comunitários.