Junta militar bloqueia observação internacional da crise no país

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De  Francisco Marques com AP
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Porta-voz do do Conselho Administrativo do Estado reitera posição já expressa na reunião da ASEAN. Protestos pró-democracia prosseguem no país e guerrilhas ganham força

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A junta militar de Myanmar apenas pondera a visita de um enviado especial da ASEAN ao país quando houver estabilidade no país, palco de protestos e de violenta repressão autoritária há quase três meses devido ao derrube do governo eleito em novembro.

Os protestos civis pró-democracia prosseguem, entretanto, contra a golpe militar de 11 de fevereiro, que incluiu a detenção de vários altos responsáveis civis, entre eles a líder de facto do governo, a Nobel da Paz Aung Sang Suu Kyi.

Esta sexta-feira, um porta voz do conselho Administrativo do Estado, reiterou a posição, já manifestada pela que a junta militar de Myanmar na reunião de 24 de abril da Associação dos Paises do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla oficial), de que apenas considera receber a visita de um enviado especial daquele organismo quando houver estabilidade na antiga Birmânia.

Na declaração resultante dessa reunião realizada em Jacarta, na Indonésia, a ASEAN estabeleceu "um consenso de cinco pontos" a concretizar em Myanmar: o fim imediato da violência; o diálogo entre as partes opostas; a mediação desse diálogo por um enviado especial da ASEAN; a ajuda humanitária através dos canais da organização; e a visita do enviado especial do organismo ao país e se que se mantém, assim, bloqueada.

Entretanto, ganham expressão em Myanmar as guerrilhas armadas de algumas minorias, como os Karen ou os Kachin, que tem vindo a provocar combates com as forças leais à junta militar e a atacar alguns postos militares.

Esta sexta-feira, o autoproclamado Exército de Libertação Nacional Karen (KNLA, na sigla inglesa) incendiou mais um posto da junta militar no leste do país, junto à fronteira com a Tailândia. Pouco mais de uma semana antes, o grupo já havia atacado e incendiado um outro posto militar ainda mais significativo, avança a Associated Press.

A agência adianta que os combates entre as forças de segurança da junta militar e grupos de guerrilheiros das minorias Karen, no leste, e dos Kachin, no norte do país, têm vindo a ser diários, em contracorrente com a perda de força dos protestos civis, cada vez menos volumosos.

Foi ainda anunciado esta última semana a formação de uma "Força de Defesa do Povo" por um denominado governo de união nacional informal formado por opositores da junta militar. Este género de exército da oposição tem a intenção, escreve também a Associated Press, de vir a tornar-se num "Exército de União Federal", integrando as forças democráticas das minorias étnicas de Myanmar.

O crescimento destas guerrilhas gerou também receio de mais ataques aéreos das forças armadas da junta militar contra posições da minoria Karen e de um consequente êxodo de refugiados rumo à Tailândia. Desde o final de março, já terão ocorrido cerca de três dezenas de ataques contra aldeias dos Karens e posições do KNLA, alegam grupos de ajuda humanitária ativos na região.

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