O duelo entre os ingleses do Manchester City e do Chelsea vai realizar-se no Dragão e o presidente do FC Porto diz ser boa oportunidade para "desmanchar má imagem" da festa do Sporting
O Estádio do Dragão, no Porto, é o eleito da UEFA para a final da Liga dos Campeões, a segunda consecutiva disputada em Portugal depois do triunfo do Bayern de Munique, em agosto, sobre o Paris Saint-Germain, no Estádio da Luz, em Lisboa.
O duelo 100% inglês entre o Manchester City e o Chelsea na Invicta é visto pelo presidente do FC Porto, o clube anfitrião, como "uma prova de confiança da UEFA na estrutura do clube", mas é também "importante para o futebol português, para a cidade e para o país", em especial depois do que se passou na capital com a festa do título nacional ganho terça-feira pelo Sporting.
Na época passada, o impacto da pandemia ameaçou cancelar a Liga dos Campeões, mas a UEFA e o governo português viram a conseguir organizar uma fase final inédita, com as oito equipas finalistas a realizarem os derradeiros duelos em diversos estádios de Portugal, no decorrer do mês de agosto.
Agora, é de novo a Covid-19 a empurrar a final para Portugal. Na sexta-feira, o governo britânico decidiu incluir três países na lista vermelha da pandemia devido ao respetivo aumento das infeções pelo SARS-CoV-2 e, ao lado do Nepal e das Maldivas, surgiu a Turquia.
A final deste ano estava marcada para o Estádio Atatürk, em Istambul, mas com esta inclusão da Turquia na lista vermelha, quem se deslocasse a Istambul para ver a final teria de cumprir uma quarentena de 14 dias no regresso ao Reino Unido.
A medida levou a UEFA a procurar alternativas e o governo de Boris Johnson chegou a propor organizar a final em Wembley.
O problema é que, por Inglaterra estar agora fora da União Europeia e com medidas exclusivas para autorizar a entrada de estrangeiros, a UEFA não chegou a acordo com o executivo britânico para serem concedidos vistos especiais para os funcionários do organismo e para os patrocinadores poderem entrar em Londres sem terem de cumprir quarentena.
A candidatura da cidade do Porto acabou por ser assim a eleita, tendo a Federação Portuguesa de Futebol e as autoridades portuguesas agido de forma célere para apresentar todas as garantias necessárias para acolher jogadores e adeptos, e realizar a final, revelou a UEFA, em comunicado.
A lotação do Estádio do Dragão para esta final está a ser agora alinhavada pelos organizadores e deverá ser confirmada em breve, acrescenta a UEFA, sabendo-se que pelo menos 12 mil adeptos poderão estar no recinto, sendo que cada clube finalista tem direito a 6 mil bilhetes.
"Lado positivo" da exigência da UEFA
Para Pinto da Costa, em declarações ao Porto Canal, a realização da final em Portugal "tem outro lado positivo". "Ao exigir a UEFA público no estádio, e com toda a razão porque não há nenhum motivo para que isso não acontecesse, levou a que agora o Governo autorizasse que haja público nos estádios na última jornada do campeonato para apanhar a boleia e não ficar cada vez mais desacreditado", disse o líder portista.
A decisão anunciada esta semana pela Direção Geral de Saúde de permitir público até 10% da lotação dos estádios, na derradeira jornada do campeonato, é, no entanto, apontada como "oportunista" por Pinto da Costa.
"Eu reprovo porque vai contra a verdade desportiva, pois cria uma desigualdade entre as equipas que jogam em casa e as que jogam fora. Há jogos importantes, decisivos, e há equipas que vão ter apoio e outras não. Isto é colocar as equipas e os clubes em desigualdade. Se serve para limpar esta atitude estúpida de permitir que haja milhares de pessoas em todos os espetáculos em recintos fechados e no desporto não seja possível. É realmente lamentável que não se defenda a verdade desportiva e que não tenham feito pelo menos nas duas últimas jornadas para que todos os clubes pudessem ter a oportunidade de ter o apoio do seu público", afirmou o presidente do FC Porto.
Apenas a visita do Benfica ao Vitória de Guimarães vai manter-se à porta fechada porque os vimaranenses foram sancionados com três jogos à porta fechada e a receção às "águias" na derradeira jornada será o segundo.