Lara Martins destacou-se no musical “O Fantasma da Ópera”, em Londres. O confinamento obrigou-a a procurar alternativas.
Há já mais de um ano que as salas de espetáculo se encontram encerradas por toda a Europa. A paragem forçada e o afastamento dos artistas dos palcos criaram uma situação de desafio sem precedente. Lara Martins é o retrato de uma classe que procura adaptar-se às novas realidades do trabalho à distância.
Residente em Londres há mais de uma década, entre 2012 e 2018 a cantora portuguesa desempenhou um dos papéis de destaque do musical “O Fantasma da Ópera”. Habituada ao contacto regular com o público, o confinamento obrigou-a a procurar alternativas. A história de Lara está longe de ser inédita. Privados do contacto social, muitos artistas viram-se privados de rendimentos.
“Os artistas e todas as pessoas que trabalham na Cultura ficaram impedidos de fazer o seu trabalho de uma forma normal. Tivemos que nos reinventar mas obviamente que tudo o que possamos fazer não substitui o teatro ao vivo, nem artisticamente, nem financeiramente”, afirma Lara Martins.
Muitos contudo recusam-se a baixar os braços e tentam encontrar soluções. O ensino à distância tornou-se para muitos profissionais do espetáculo uma forma de subsistência durante os períodos de confinamento.
“Para mim foi um ano de descobertas, de novas formas de trabalhar, foi desafiante”, diz a cantora.
Ainda assim, para além das aulas à distância, Lara Martins encontrou espaço para contracenar com o encenador Jorge Balça num espectáculo dedicado a António Variações. A ideia partiu do encenador residente em Londres e o que inicialmente seria um evento ao vivo passou para a internet, como explica Jorge Balça.
“Conseguimos reformulá-lo, repensá-lo, mantendo sempre o cerne do trabalho mesmo mas conseguimos repensá-lo e fomos gravar ao Porto, no Conservatório de Música do Porto, num auditório fechado que é uma boa metáfora para os tempos que passamos”, adianta.
O tempo de paragem forçada também abriu espaço à concretização de projetos pessoais há muito adiados. No caso de Lara Martins, tratou-se da gravação e lançamento de um álbum, “Canção”, algo que colocou novos desafios.
“Eu tive que aprender a fazer estas coisas todas, gravar-me a mim própria, utilizar imensos meios técnicos que eu não sou particularmente dotada. Isso são coisas que eu nunca faria, e não fazia mínima ideia de como fazer. Com esta pandemia aprendi a fazer isso tudo”, acrescenta a cantora.
As redes sociais foram outro recurso tecnológico que serviu para manter o contacto regular entre os artistas e os seus vários públicos. Mesmo assim, Lara Martins já começa a ver a luz ao fundo do túnel. Porque mesmo com toda a tecnologia disponível, “não há nada que substitua o teatro e a música ao vivo”, conclui.