Estudo da OCDE conclui que a crise criada pela COVID-19 e as diferentes políticas adotadas em relação ao ensino, aumentaram desigualdades educativas.
O regresso às aulas presenciais é positivo para crianças e jovens mas os efeitos do afastamento prolongado, em relação à escola e à interação que ela permite entre os alunos, é ainda desconhecido mas eles permanecerão durante muito tempo, diz a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
Um estudo feito pela OCDE conclui que a crise criada pela COVID-19, e as diferentes políticas adotadas em relação ao encerramento das escolas, não só aumentou as desigualdades educacionais dentro dos países que fazem parte deste organismo, como também a diferença de desempenho entre Estados.
O responsável da OCDE para a Educação explica que "as crianças são as menos vulneráveis ao coronavírus", que são poucas as que são infetadas mas que "são o grupo que tem sido mais afetado pelas políticas públicas para conter a doença". Andreas Schleicher adianta que o ensino não serve apenas para que os estudantes aprendam "conteúdos educativos", tem "também uma vertente social muito importante. (...) a aprendizagem é uma experiência social", acrescenta. Quanto mais tempos os alunos ficam fora da escola, longe dos professores dos colegas mais o seu "bem-estar fica comprometido". As perdas em termos de aprendizagem recuperam-se mais rapidamente, conclui.
A interação social foi também minada pela aprendizagem à distância. A utilização constante de dispositivos eletrónicos, entre os mais novos, também não é positiva e leva à criação de uma dependência, como explica uma terapeuta da fala. Os pais e as escolas "tentaram limitar" esta ação "com telemóveis e tablets. Mas já não há limite, é incontrolável", explica Maria Roussohatzakis. Hoje, "as crianças estão agarradas aos "seus telemóveis, redes sociais, com a desculpa de que é para a escola ou que se trata de atividades extracurriculares. As crianças estão ligadas o tempo todo só não se sabe a quê", acrescenta esta profissional.
Um correspondente da euronews em Atenas diz ainda que para lá das "consequências educacionais, sociais e psicológicas, há estudos que começam agora a relacionar o uso sistemático de ecrãs com problemas de visão nas crianças. Especialistas esperam que as campanhas de vacinação em massa tornem o ensino à distância menos utilizado no próximo ano letivo".