ONU e vítimas denunciam repressão política de Daniel Ortega

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De  Francisco Marques
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A cerca de quatro meses das eleições, o governo já ordenou a detenção de pelo menos 20 opositores e críticos do Presidente ao abrigo da chamada "lei da guilhotina"

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A pouco mais de quarto meses das eleições na Nicarágua, o governo liderado pelo Presidente Daniel Ortega continua a perseguir e prender eventuais candidatos rivais, no âmbito de uma nova lei de segurança nacional aprovada em 2020.

O último a ser capturado pelas autoridades foi Miguel Mora, pré-candidato presidencial e também jornalista, que se junta a uma lista que inclui a principal opositora de Ortega, Cristiana Chamorro.

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos está preocupada.

Desde o meu último relatório sobre a Nicarágua a este Conselho, a 23 de fevereiro, o meu gabinete observou um preocupante agravamento da situação de direitos humanos.

Isto dificulta a possibilidade de que os nicaragueneses possam exercer plenamente os seus direitos políticos nas eleições de 7 de novembro.
Michelle Bachelet
Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos

Filha de detido denúncia terrorismo

Cristian Tinoco é filha de Victor Hugo Tinoco, ex-vice presidente da Nicarágua e um dos já 20 opositores de Daniel Ortega detidos nas últimas semanas ao abrigo da nova "Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação pela Paz", também conhecida como "Lei 1055/2020" e apelidada de "lei da guilhotina".

Cristian acusa o Presidente de estar a recorrer a "terrorismo de Estado" contra os opositores e os críticos do governo.

Nos últimos 20 dias, o governo de Daniel Ortega sequestrou pelo menos 18 opositores, entre os quais estão candidatos à presidência da república, mas também outros opositores políticos, empresários, pessoas relacionadas com bancos.

É realmente terrível. Estamos a viver um terrorismo de Estado na Nicarágua.
Cristian Tinoco
Filha de opositor detido por ordem do governo de Daniel Ortega

A filha de Victor Hugo Tinoco, uma doente oncológica, detalhou aos jornalistas a forma como a polícia irrompeu pela casa da família para deter o antigo vice-presidente e ideólogo sandinista.

Também a organização não-governamental "Human Rights Watch" (HRW) acusa Ortega de perseguição aos opositores e a jornalistas, e exige à ONU maior pressão sobre o governo da Nicarágua, de onde, garante a ONG, quase 110 mil pessoas foram obrigadas a fugir desde 2018 por motivos políticos.

"Apoiando-se em medidas já adotadas pela ONU, é fundamental que o Secretário-Geral potencialize as ações da ONU e apresente a situação ao Conselho de Segurança", pediu José Miguel Vivanco, o diretor da HRW para as Américas.

Editor de vídeo • Francisco Marques

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