Seca em Madagáscar obriga pessoas a comer sapatos para não morrer à fome

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Responsável da ONU diz que país é o primeiro onde as pessoas passam fome devido às alterações climáticas.

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Os vários anos de seca deixaram o sul de Madagáscar sem o que comer. Raízes, catos e gafanhotos, ou mesmo lama são os alimentos disponíveis na região para 400 mil pessoas, naquele que, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) é o primeiro país a passar fome, devido às alterações climáticas.

Sinazy tem oito filhos e todos choram com fome. "Os meus filhos choram. Choram tanto, com todo o seu coração, com todas as suas forças". Um deles, conta, "já desmaiou de tanto chorar".

Dez quilómetros a pé separam a aldeia onde vive do centro de saúde mais próximo.

Quando recentemente o chefe do Programa Alimentar Mundial, David Beasley, passou pela região, descreveu o cenário na ilha africana como "um filme de terror".

Na cidade de Ambovombe, o chefe do bairro de Berary revela que viu "com os próprios olhos" cinco crianças e três mulheres morrer de fome.

Para enganar o estômago vazio, há quem cozinhe e coma os próprios sapatos. O couro rijo dificulta o processo, mas uma vez fervido, torna-se na refeição possível para esta comunidade.

A presidência do país diz haver "uma forte vontade política" de mudar o sul de Madagáscar e defende ter já feito "várias ações", desde as eleições em 2019,

Nos planos para a região, estão previstos um oleoduto, com início da construção marcado para janeiro, e estradas.

A chefe de gabinete afirma que o presidente "quer que estes projetos tenham um impacto real sobre as pessoas no prazo de 18 meses", advertindo, no entanto, adverte para prováveis atrasos nas obras dos novos acessos terrestres.

Enquanto as políticas na saúde, agricultura e abastecimento não surtem efeito, o Governo de Madagáscar e a ONU apelam à doação de mais de 130 milhões de euros para combater a fome no país.

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