Os tunisinos constituem o maior grupo de migrantes que desembarcaram em Itália nos últimos meses.
Itália receia o aumento do número de migrantes que chegam a Lampedusa devido à recente crise política na Tunísia.
Lampedusa é o principal ponto de entrada para quem deseja chegar à Europa vindo do norte de África. Mas, de acordo com a Organização Não Governamental (ONG) Mediterranean Hope, o número de migrantes que chegam à ilha italiana ainda é bastante inferior ao registado durante a Primavera Árabe.
“É claro que não podemos comparar a situação atual com o que aconteceu em 2011, durante a Primavera Árabe, quando uma revolução levou dezenas de milhares de pessoas a deixarem o país. É um cenário diferente. O país foi atingido pel a pandemia e por uma crise política sob pano de funo uma crise anterior", sublinhou Francesco Piobicchi, responsável da Mediterranean Hope.
De acordo com a ONG, desde julho, o número de migrantes tunisinos em Lampedusa aumentou. A Tunísia é o principal país de origem dos migrantes que desembarcaram em Itália nos últimos meses. Em 2020, as chegadas quadruplicaram. E há mais famílias inteiras e mais menores isolados.
UE compromete-se a apoiar economia da Tunísia
A Itália e a União Europeia comprometeram-se recentemente a apoiar a economia da Tunísia, para limitar as migrações dos países do Mediterrâneo para a Europa.
Em 2020, a Itália ofereceu onze milhões de euros à Tunísia para treinar e equipar a guarda costeira do país. Mas de acordo com o deputado tunisino Majdi Karabi, o investimento não teve o efeito esperado já que o número de tunisinos dispostos a deixar o país não para de aumentar, a economia está paralisada e os jovens não têm perspetivas.
“Tudo depende da pessoa que será nomeada pelo presidente para ocargo de primeiro-ministro. A Tunísia poderá chegar a um acordo, melhorar as relações com a Itália e com a União Europeia, de modo a gerir a crise migratória ou, se isso falhar, o risco é termos uma ditadura”, disse à euronews Majdi Karabi.
Países da UE não se entendem sobre política migratória
Não há consenso ente os Estados-Membros da União Europeia sobre a questão das migrações.
“É claro que ainda não se chegou a acordo. Não há acordo entre os Estados membros sobre a necessidade de ser solidário e oferecer apoio aos países afetados pela crise migratória. O único acordo que existe diz respeito às expulsões e à externalização dos controlo das fronteiras”, frisou Sara Prestianni, responsável pelo programa Migração e Asilo da EuroMed Rights.
A Tunísia é um dos poucos países africanos que assinaram acordos de repatriação com Itália. Mas, para os italianos, os esforços deveriam concentrar-se na prevenção de partidas. Na semana passada, Roma voltou a dizer à Comissão Europeia que é urgente uma mudança de rumo da política migratória da União Europeia.