Enquanto o Ocidente continua a tentar encontrar maneiras de lidar com a crise no Afeganistão, em Cabul a população tenta voltar à normalidade, embora continuem com dúvidas sobre as intenções dos talibãs.
Enquanto o Ocidente continua a tentar encontrar maneiras de lidar com a crise no Afeganistão, em Cabul a população tenta voltar à normalidade.
“No início, quando os talibãs entraram em Cabul, as pessoas ficaram em pânico. Não sabiam como os talibãs iriam lidar com eles. Por isso, tinham razões para estar preocupados e em pânico. Mas aos poucos voltaram à normalidade. Os talibãs têm sido amigáveis com toda a gente", afirma o jornalista afegão, Fazelminallah Qazizai.
Fazel Qazizai é um jornalista afegão com anos de experiência na cobertura dos talibãs. Considera que as cenas que ocorreram depois de o grupo ter tomado conta da capital foram bizarras: "As pessoas tiraram selfies com eles, tentaram conversar com eles, fazer piadas e divertirem-se com eles...". "Acho que essa é a nova estratégia dos talibãs, não assediar ou incomodar com qualquer problema", acrescenta.
Mas com a maioria das repartições públicas, bancos e o principal mercado cambial ainda fechados, a vida está longe de ser o que era... “Quando os bancos estão fechados, as taxas do dólar são bastante altas - agora, um dólar é mais do que 90 afegânis. E isso tem um impacto direto nos alimentos, no petróleo, e noutras coisas", sublinha o jornalista.
Qazizai diz que, embora ele e a família pensassem deixar o país, ele vai ficar, pelo menos por enquanto. "A preocupação do Ocidente era a mesma que tínhamos em Cabul antes de os talibãs capturarem a capital. Eu estava preocupado com uma guerra brutal, com os negócios injustos dos talibãs, sobre como os talibãs poderiam estar a perseguir pessoas... Nós até decidimos para onde deveríamos ir como refugiados... Então, todas as preocupações que o Ocidente teve, nós tivemos", revela.
"Mas os talibãs chegaram com uma estratégia de notícias diferente que é ótima e é uma boa notícia para nós e para o mundo. Mas não tenho a certeza que esta estratégia vá durar muito tempo. Se essa estratégia durar e se mantiver para sempre, isso é ótimo, é uma boa notícia para todos. Mas isso é apenas uma técnica para conquistar os corações e mentes dos afegãos. Quando estiverem estáveis eles mudarão, o que é mau. Estou apenas a falar sobre o agora", conclui.