Testemunho em primeira mão de um refugiado

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Um refugiado afegão que conseguiu escapar de Cabul e já se encontra a salvo em Itália fala dos desafios que enfrentou para sair do país

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Multidões descontroladas, desespero e filas intermináveis no exterior do aeroporto de Cabul continuam a marcar o quotidiano no Afeganistão.

Muitos aguardam há dias por um lugar num voo com destino algures no ocidente.

M. é um refugiado afegão que prefere não ser identificado. Ele é um dos que conseguiu escapar de Cabul e já se encontra a salvo em Itália. Nos últimos anos, M. trabalhou para instituições e empresas italianas o que significa que corre perigo de vida sob o regime talibã.

"Disse à minha família que tínhamos que partir para o aeroporto e que as nossas vidas estavam em perigo. Disse-lhes que se os Talibã me apanhassem me matavam pois havia trabalhado para os italianos e para a embaixada italiana. Não deixei nada em casa, queimei tudo... todos os meus papéis", afirma este refugiado.

M. e a família fugiram deixando tudo para trás. Uma vez no aeroporto teve que esperar três dias.
Ele não queria partir sem a mulher e os filhos.

Ele recorda tudo aquilo por que ele e a família passaram.

"As pessoas começaram a juntar-se no portão principal. A dada altura, a minha mulher já não conseguia controlar a minha filha, foi por isso que ela caiu ao chão. A multidão pisou-a mas felizmente não sofreu ferimentos. No dia seguinte, tiveram que esperar horas ao sol sem beber e comer, foi então que os meus outros filhos desmaiaram", adianta M.

M. é originário de Panjshir, o último reduto contra o regime Talibã. Outra razão para M. e a sua família se sentirem ameaçados caso os Talibã descubram a sua identidade. Os seus pais ainda lá vivem.

“Se um dia eles capturarem os meus pais e os ameaçarem de morte caso eu não regresse ao país, eu regressaria para lhes poupar as vidas. Não tenho medo de morrer", defende M.

Para muitos, a retirada do Afeganistão tornou-se uma corrida contra o tempo.

Pangea é uma organização sem fins lucrativos que desde o início do ano 2000 apoia os direitos das mulheres no Afeganistão. Agora trabalham dia e noite para retirarem os funcionários e os civis retidos no país.

"As multidões no exterior do aeroporto estão em estado de choque. Eles precisam de ajuda e ligam-nos por telefone. Nós oferecemos apoio psicológico para os fazer reagir e evitar que desistam facilmente. Costumamos dizer-lhes que vão conseguir ou então para fugirem", adianta Luca Lopresti, presidente da Pangea Onlus.

Esta organização já ajudou dezenas de milhares de mulheres no Afeganistão e esperam agora que os progressos realizados ajudem a lutar contra o novo regime talibã em Cabul.

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