O estado de emerg~encia declarado pela Polónia nas regiões ao longo da fronteira com a Bielorrússia fazem recear o pior para os migrantes retidos na região
Nos últimos as meses as autoridades polacas têm-se visto a braços com um aumento no número de travessias ilegais da fronteira com a Bielorrússia.
Só no último mês foram registadas 3500 ocorrências.
Perante este cenário, o governo polaco declarou o estado de emergência nas regiões que fazem fronteira com a Bielorrússia e iniciou a construção de barreiras de arame farpado.
Sondagens recentes afirmam que a maioria dos polacos apoia esta decisão.
"A introdução do estado de emergência vai decerto restaurar a segurança nas áreas que fazem fronteira com a Bielorrússia e também facilitar o trabalho dos guardas fronteiriços que assim se podem concentrar na proteção da fronteira", explica Katarzyna Zdanowicz, porta-voz da Guarda Fronteiriça.
No entanto, ativistas e políticos da oposição que permanecem próximo à fronteira para acompanharem a situação de perto, estão céticos relativamente às medidas de emergência declaradas pelo governo.
"As pessoas tentam atravessar a fronteira à procura de ajuda, é de facto uma situação difícil mas que não justifica o estado de emergência e, na nossa opinião, a única razão para asua introdução é retirar-nos a nós e a outras organizações, evitar a prestação de auxílio e impedir-nos de acompanhar as ações do governo e documentar as violações à lei", denuncia Piotr Bystrianin, ativista da Fundação Ocalenie.
Representantes desta ONG acamparam próximo aos requerentes de asilo que se encontram retidos na região há três semanas.
Eles receiam que sem a sua presença no local, os direitos dos migrantes não serão respeitados e que estes serão empurrados para a fronteira bielorrusa.
Este trabalho conta com o apoio da oposição de esquerda.
"O estado de emergência não foi declarado aquando da pandemia e agora, devido ao facto destas 30 pessoas estarem aqui na fronteira, que várias centenas ou milhares podem pedir asilo na Polónia, estamos a introduzir o estado de emergência. Na segunda-feira terá lugar, tudo indica, uma sessão no parlamento para votar o estado de emergência e, claro, o Partido da Esquerda é contra", adianta Maciej Konieczny, deputado do Partido da Esquerda.
Mesmo assim, por enquanto todos viram-se obrigados a abandonarem a região.
A repórter da euronews, Magdalena Chodownik, acrescenta:
"Não foram apenas os ativistas e políticos que tiveram que abandonar a região mas os jornalistas também. Segundo as regras em vigor, não são permitidos quaisquer registos ou transmissões nas áreas sob estado de emergência. Organizações de jornalistas afirmam que o governo está a limitar o acesso à informação. Um jornalista já foi acusado de não estar a cumprir os regulamentos".