Golpe militar na Guiné-Conacri: tomada do poder pelas armas

O presidente Alpha Condé em outubro de 2020
O presidente Alpha Condé em outubro de 2020 Direitos de autor CAROL VALADE/AFP
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De  Francisco Marques
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Presidente eleito Alpha Condé foi detido por um grupo rebelde de militares, que ameaça dissolver o Governo e as instituições. Seleção de Marrocos apanhada no meio

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Está em curso na Guiné-Conacri um golpe militar para depor o Presidente e dissolver o Governo. A seleção de futebol de Marrocos, onde se inclui o benfiquista Adel Taarabt, que deveria jogar esta segunda-feira no país, foi apanhada no meio e ficou retida num hotel

De acordo com as informações recolhidas pela agência France Press, um grupo rebelde de militares terá conseguido capturar e mantém detido o Presidente Alpha Condé, pouco mais de 10 meses após o governante ter sido reeleito para um terceiro mandato num escrutínio muito contestado.

O secretário-geral das Nações unidas já reagiu ao golpe militar em curso na Guiné-Conacri. "Condeno veementemente qualquer tomada do governo pela força das armas e apelo à libertação imediata do Presidnete Alpha Condé", escreveu o português António Guterres.

Cronologia das ocorrências

Este domingo, o centro da capital Conacri foi palco de um tiroteio numa zona próxima do palácio presidencial.

Algumas horas depois surgiu um comunicado pelo coronel Mamady Doumbouya, num vídeo registado por telemóvel e enviado à France Press.

"Após determos o presidente, que está connosco, decidimos dissolver a Constituição, as instituições e também decidimos dissolver o Governo", afirmou o coronel Mamady Doumbouya, acrescentando ter sido decidido pelo grupo rebelde também "o fecho das fronteiras terrestres e aéreas".

Foi ainda divulgado um outro vídeo de telemóvel, onde se vê o presidente Alpha Condé sentado ao lado de um soldado, que lhe pergunta se está a ser maltratado sem obter resposta.

Da parte do Governo, o Ministério da Defesa acusou "os insurgentes" de "semear o medo" em Conacri e garantiu que "a guarda presidencial, apoiada pelas forças de defesa e segurança, leais e republicanas, conseguiu conter a ameaça e impor a retirada do grupo atacante".

Alpha Condé foi, em 2010, o primeiro presidente eleito de forma democrática na Guiné Conacri. Em 2015, foi reeleito para um segundo mandato e, em outubro passado, para um terceiro, numas eleições controversas, com 59,5% do escrutínio logo na primeira volta.

Os dias e semanas seguintes ao último sufrágio ficaram marcados por muita violência nas ruas, com dezenas de mortos e a detenção de muitos opositores do Governo de Condé antes e depois da chamada às urnas.

Os tumultos estão agora de regresso à Guiné-Conacri pela ação de um grupo de militares, que entretanto ordenou um "recolher obrigatório em todo o país até nova ordem", ao mesmo tempo que pretende substituir os governadores e os autarcas por militares em todas as regiões, avançou a France Press.

Taarabt com a seleção de Marrocos retidos em Conacri

A seleção de futebol de Marrocos estava em Conacri à hora da confusão, mas "em segurança", garantiu Mohamed Makrouf, da Federação magrebina.

Os "leões do Atlas", com o benfiquista Adel Taarabt entre a comitiva, estiveram resguardados "num hotel situado um pouco longe da zona sob tensão". A equipa abandonou a Guiné-Conacri à noite, mas não se livrou do susto.

"Estamos no hotel. Ouvimos tiros por perto durante todo o dia. Estamos à espera da permissão para irmos para o aeroporto. De momento, estamos bloqueados. Está um avião à nossa espera, mas não estamos autorizados a partir. A viagem até ao aeroporto demora entre 45 minutos a uma hora. Quando se ouvem tiros no exterior, a segurança não está garantida a 100 por cento", relatava pela tarde o selecionador Vahid Halilhodzic ao jornal francês "L'Equipe".

A Federação marroquina está em contacto com a FIFA para saber se o jogo desta segunda-feira com a Guiné-Conacri, de qualificação para o Mundial de 2022, será adiado ou não.

"A atual situação política e de segurança na Guiné-Conacri é bastante volátil e está a ser monitorizada de perto pela FIFA e pela Confederação Africana (CAF) para assegurar a segurança de todos os jogadores e árbitros, A FIFA e a CAF decidiram adiar o jogo", informou a entidade que superintende o futebol mundial, através da página oficial na Internet.


Outras fontes • AFP

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