"Se tivesse saído 10 segundos depois teria morrido"

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Direitos de autor ALEXANDRE FUCHS/AFP or licensors
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Bruno Dellinger, sobrevivente do ataque ao World Trade Center, recorda momentos dramáticos após o impacto do primeiro avião às 08:46 horas.

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Duas décadas depois do 11 de setembro de 2001, o dia que mudou o mundo, os sobreviventes do ataque ao World Trade Center, em Nova Iorque, têm ainda muito presente os momentos pavorosos que viveram.

Bruno Dellinger, um francês cujo escritório se situava na Torre Norte recorda os momentos que antecederam o impacto do primeiro avião às 08:46 horas.

"Vivíamos no céu, no World Trade Center, numa imensa calma, ao contrário do resto da cidade. Contemplei a vista. Gradualmente, dois dos meus empregados chegaram, depois verifiquei os meus e-mails quando de repente ouvi o som estridente dos motores a jato, um ruído inaudito que estava para além da compreensão. Depois houve o impacto imediato na fachada onde ficava o meu escritório, cerca de vinte andares acima. Experienciei, em primeira mão, o colapso das fachadas, o edifício a balançar de uma forma muito, muito preocupante (...) Podia sentir-se que estávamos à beira do colapso. Durou um tempo muito longo, dois, três minutos.

Sem o ter visto, Bruno pensou de imediato que se tratava de um avião, recordando que, no passado, uma aeronave tinha embatido, acidentalmente, o Empire State Building. Não querendo entrar em pânico, no início ficou na sua secretária, mas logo percebeu que tinha de sair do edifício. E rápido.

"Passei por um grupo de pessoas que estavam numa escadaria diferente daquela em que eu estava, que morreu. Saí depois de uma descida que durou 50 minutos, muito complicada num calor terrível" (...) "Eu deveria ter morrido em 50 ocasiões durante esse dia. Se tivesse saído dez segundos depois, teria morrido de facto".

Depois de chegar à rua em estado de choque, o francês teve de enfrentar o colapso das torres, uma explosão considerável, depois uma gigantesca nuvem de pó que o engoliu. Uma experiência que o traumatizou.

"No espaço de alguns momentos, tudo se tornou mais negro do que a noite, e não havia um som. Diante do excesso dos elementos, o meu corpo pensava que estava morto. Todas estas coisas: ruído, luzes, som, respiração, estas são coisas que não aprendemos, sabemo-las desde o nascimento. Mas quando são desafiados pela força dos acontecimentos, o corpo e a mente, já não compreendem".

Traumatizado, Bruno Dellinger demorou três meses para arranjar coragem e regressar ao local do sinistro. Depois teve de continuar a viver. Voltou ao trabalho, escreveu um livro e teve filhos. 20 anos mais tarde, ele olha para o difícil processo de reconstrução.

"Foi muito complicado reconstruir-me, porque eu era uma bola de dor, porque estava realmente morto psicologicamente. Quando andava pela rua e vi um sinal de vida, o sol a brilhar, disse a mim próprio: isto não é possível porque estás morto, tinha um rastilho que explodiu na minha cabeça. Os sinais de vida começaram a reaparecer um mês, dois meses depois: um bom tomate com sabor, por exemplo. Coisas muito simples."

Bruno Dellinger aparece, regularmente, nos "media" e fala com alunos em escolas, contando a uma geração que não assistiu ao 11 de setembro como sobreviveu ao horror daquele dia.

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