Joe Biden apela à cooperação internacional em estreia na ONU

Presidente dos EUA durante o discurso na AG das Nações Unidas
Presidente dos EUA durante o discurso na AG das Nações Unidas Direitos de autor Eduardo Munoz/Pool Photo via AP
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De  Francisco Marques
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Presidente dos Estados Unidos falou durante mais de meia hora, mas evitou os temas quentes da atualidade. Bolsonaro aproveitou o palco para fazer campanha

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O Presidente dos Estados Unidos colocou-se ao lado de António Guterres, no apelo à cooperação internacional perante os desafios mundiais

Num discurso muito aguardado, até pela atualidade política internacional, Joe Biden evitou os temas mais quentes envolvendo a Casa Branca, nomeadamente o atrito com a China e o acordo "AUKUS" (sigla combinado os nomes anglófonos de Austrália, Reino Unido/UK e Estados Unidos/US), que degenerou num atrito com a França, diretamente, e com a União Europeia por arrasto.

Na primeira vez a discursar numa assembleia geral das Nações Unidas, o líder norte-americano ultrapassou largamente os 15 minutos concedidos a cada orador, falando aliás mais do dobro do tempo habitualmente concedido.

Biden abordou os problemas provocados pela pandemia de Covid-19, pelas alterações climáticas e ainda a necessidade de paz no mundo, sem nomear rivais.

"Não estamos à procura de uma nova 'guerra fria' nem de um mundo dividido em blocos rígidos. Os Estados Unidos estão prontos a trabalhar com qualquer nação que se apresente e persiga resoluções pacíficas para os desafios que partilhamos", afirmou Joe Biden, defendendo essa cooperação internacional mesmo em caso de "intensos desacordos noutras áreas".

O chefe da Casa Branca lembrou que "as consequências" do insucesso perante "ameaças urgentes como a Covid-19, as alterações climáticas ou ameaças duradouras como a proliferação nuclear globais" serão partilhadas por todos.

Seis grandes desafios

A 76.ª Assembleia Geral da ONU foi aberta pelo secretário-geral. Depois de já ter alertado na véspera para uma "nova guerra fria" em perspetiva no mundo, o português António Guterres falou de "seis grandes desafios", dois deles dominantes ao longo de um discurso onde apelou ao diálogo para pôr fim à desconfiança entre países.

"A Covid-19 e a crise climática expuseram as profundas fragilidades das sociedades e do planeta. No entanto, no lugar de humildade perante estes desafios épicos, vemos arrogância. No lugar de solidariedade, estamos num beco sem saída de destruição. Ao mesmo tempo, outra doença está a espalhar-se hoje pelo mundo: a doença da desconfiança", afirmou Guterres.

Os restantes quatro "grande desafios" referidos por Guterres foram a desigualdade crescente entre ricos e pobres, a demora na igualdade de género, a divisão digital ("metade da humanidade não tem acesso à Internet, temos de ligar todas as pessoas até 2030", sublinhou), e a divisão entre gerações ("os jovens vão herdar as consequências das nossas decisões", lembrou).

Como é tradição desde 1947, dois anos após a fundação da organização, o primeiro discurso dos Estados-membros na assembleia Geral da ONU foi do Brasil.

Jair Bolsonaro aproveitou o palco internacional para voltar a promover o uso de medicamentos sem eficácia comprovada no combate à Covid-19 e para garantir que o governo brasileiro está a proteger devidamente a Amazónia, convidando os homólogos a visitar a região.

Num discurso que aparentou ser sobretudo de campanha eleitoral, o Presidente brasileiro aproveitou ainda para defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU e para reclamar um lugar permanente no órgão atualmente composto por 15 membros, dos quais apenas cinco permanentes (Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China).

O Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa e o chinês Xi Jinping também fizeram parte da lista de oradores confirmados no primeiro bloco de intervenções nesta assembleia geral da ONU.

Quarta-feira falam os presidentes de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, e da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló. Na quinta-feira, sobe ao palco da ONU o presidente de Angola, João Lourenço.

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