330 mil crianças foram vítimas de pedofilia na Igreja Católica francesa

Celebrações da Páscoa de 2021 em Paris
Celebrações da Páscoa de 2021 em Paris Direitos de autor Thibault Camus/Copyright 2021 The Associated Press. All rights reserved
De  Ricardo Figueira
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O relatório publicado esta terça-feira denuncia ainda 3000 alegados criminosos, dos quais dois terços são padres.

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Os números do relatório publicado esta terça-feira em França são impressionantes: mais de 330 mil crianças foram abusadas em instituições da Igreja Católica ao longo dos últimos 70 anos. As conclusões são de uma comissão independente que investigou o assunto durante dois anos e meio e produziu agora um relatório com 2500 páginas.

Diz o presidente da comissão, Jean-Marc Sauvé: "No total, os abusos de menores por parte de membros da Igreja Católica representam 4% de toda a violência sexual praticada em França, se contarmos apenas com os membros do clero, e 6% se incluirmos os leigos".

O documento identifica ainda 3000 criminosos, dos quais dois terços são padres. Se uma grande parte dos crimes está prescrita ou diz respeito a pessoas que já morreram, há 22 crimes referidos que podem ainda ser punidos e cujos detalhes foram encaminhados para a Justiça.

A comissão foi montada na sequência do escândalo dos abusos sexuais praticados pelo padre Bernard Preynat, em Lyon, que levou à demissão do arcebispo desta cidade, o Cardeal Philippe Barbarin.

François Devaux, uma das vítimas de Preynat, fundou a associação de apoio "Parole Libérée" (Palavra Libertada) e foi convidado a discursar na apresentação do relatório: "Os membros desta comissão estão a regressar do inferno. Exploraram os detalhes mais obscuros e mais sórdidos daquilo de que o homem é capaz. Desceram aos meandros mais viciosos, insuportáveis e nauseabundos", disse.

Os membros desta comissão estão a regressar do inferno. Exploraram os detalhes mais obscuros e mais sórdidos daquilo de que o homem é capaz.
François Devaux
Fundador da associação "Parole Libérée"

 Os membros da comissão dizem ter recebido, durante as investigações, 6500 telefonemas de alegadas vítimas ou pessoas que conheciam casos.

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