Por toda a Europa, os preços da energia sobem há meses devido ao preço mundial do gás natural e isso reflete-se na eletricidade em países como Portugal. Explicamos-lhe como em cinco gráficos
Por toda a Europa os preços da energia sobem para máximos históricos, alimentando uma crise que vai afetar as contas dos consumidores este inverno.
Os preços da eletricidade estão a subir fortemente há meses, por causa dos preços mundiais do gás natural, e dispararam em diversos países, como Portugal e Espanha. Mais de um quinto da eletricidade na Europa é proveniente do gás natural.
Os governos tentam criar subsídios e cortar impostos, num esforço para proteger os consumidores.
A Comissão Europeia defendeu, esta quarta-feira, que os Estados-membros da União Europeia (UE) aliviem temporariamente os impostos às famílias e financiem as pequenas empresas, e anunciou uma reforma do mercado do gás.
Eis cinco gráficos que o podem ajudar a compreender esta crise energética.
O preço do gás natural está seis vezes mais caro do que no ano passado e cerca de quatro vezes mais caro do que na última primavera. A subida deve-se ao aumento da procura mundial, numa altura em que os países terminam os confinamentos e as economias tentam regressar à normalidade. Há também problemas do lado do abastecimento, com atrasos na manutenção e menos investimento.
A UE depende fortemente das importações de gás natural de fora do bloco, à medida que a produção doméstica diminui. De acordo com o Eurostat, a UE teve de importar quase 90% do gás natural a países não pertencentes ao bloco em 2019.
A Rússia é o maior exportador de gás natural para a UE, representando 43,4% das importações de fora do bloco em 2020, seguida pela Noruega.
Muitos questionam se a Rússia não reteve gás adicional para forçar a abertura do gasoduto Nord Stream 2 recém-concluído.
Na sessão plenária desta quarta-feira no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, a comissária europeia da Energia, Kadri Simson, disse que a UE deve "permanecer à importância da geopolítica da energia e desenvolver uma abordagem mais estratégica da política energética externa", numa referência à pressão russa.
Uma das preocupações que a União Europeia enfrenta é o facto de o armazenamento de gás natural ser inferior ao que era nesta altura do ano passado (à volta de 95% em outubro passado face a cerca de 75% este mês), depois de um longo inverno.
"Até ao final do ano, irei propor uma reforma do mercado do gás e iremos rever, nesse contexto, questões em torno do armazenamento e da segurança do aprovisionamento", afirmou, esta quarta-feira, a comissária europeia da Energia, Kadri Simson.
Segundo dados divulgados recentemente pelo Eurostat, o aumento nos preços do gás natural fez subir a inflação nos 19 países que compõem a zona do euro. O valor regista um máximo de 13 anos, situando-se nos 3,4% nos países da zona do euro, impulsionado pela inflação de 17,4% no setor energético. Um valor bem acima da inflação de -8,2% no mesmo setor em setembro do ano passado.
Embora o seu consumo tenha diminuído em relação a 2008, o gás natural é o segundo combustível mais utilizado nos 27 Estados-membros da UE, a seguir ao petróleo e derivados.
Alguns especialistas defendem que a transição para mais energias renováveis ajudará a resolver o problema.