Boris Johnson podia ter evitado milhares de mortes na pandemia

Reunião de governo no dia a seguir ao primeiro-ministro ter testado positivo por Covid-19
Reunião de governo no dia a seguir ao primeiro-ministro ter testado positivo por Covid-19 Direitos de autor Andrew Parsons/10 Downing Street via AP, Arquivo
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De  Francisco Marques
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Comissão Parlamentar de Inquérito assinado por dois ex-ministros conservadores destaca "política errada" seguida pelo governo britânicos no início da pandemia

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A gestão inicial da epidemia de Covid-19 no Reino Unido pelo Governo liderado por Boris Johnson foi "um dos maiores falhanços de saúde pública na história do Reino Unido", aponta o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito, intitulado "Coronavírus: Lições aprendidas até agora".

O documento reporta-se apenas a Inglaterra porque os outros países integrantes do reino, Gales, Escócia e Irlanda do Norte, são geridos desde o final do século XX pelos respetivos governos nacionais.

O relatório é assinado por dois antigos ministros conservadores, Jeremy Hunt e Greg Clark, que preside à Comissão Parlamentar de Inquérito.

Entre as alegações, o inquérito parlamentar destaca como "um dos maiores erros" do executivo liderado por Boris Johnson o retardamento do confinamento apesar do que foi feito noutros países de forma mais célere.

O adiar do confinamento, que viria a ser imposto a 23 de março, tinha por base a presunção dos conselheiros cientistas do executivo de que a generalização da infeção pelo SARS-CoV-2 iria criar "imunidade de grupo", mas essa decisão, sublinha agora o relatório, acabou por custar a perda de milhares de vidas no Reino Unido.

Confrontado com o relatório numa entrevista à Sky News e questionado três vezes se pedia desculpa aos britânicos em nome do governo, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros limitou-se a citar o título do relatório ao dizer que "há lições a aprender" e a garantir que o governo decidiu "com base na ciência".

Nós protegemos o Serviço Nacional de Saúde.

Nós disponibilizámos rapidamente a vacina, mas aceitamos que, onde houver lições a aprender, nós estamos dispostos a aprender.
Stephen Barclay
Ministro da Presidência do Conselho de Ministros do Reino Unido

A Covid-19 em Inglaterra

O primeiro caso de Covid-19 no Reino Unido foi detetado a 31 de janeiro de 2020, exatamente um mês depois de a OMS ter sido notificada dos primeiros casos na China.

O primeiro-ministro Boris Johnson viria a contrair Covid-19 a 27 de março, chegou a estar em estado grave nos cuidados intensivos, tendo recuperado com a assistência de dois enfermeiros não britânicos, incluindo um português.

A partir daí o chefe de governo revelou-se mais determinado no combate à epidemia.

O relatório agora divulgado indica, no entanto, que a reação do governo britânico de retardar o fecho da economia até 23 de março foi "uma política errada e levou a um maior número de mortes do que teria resultado se tivesse sido seguida mais cedo uma política mais vigorosa".

Com a vacinação atualmente avançada e elogiada como um dos melhores atos de gestão da epidemia pelo governo, e com cerca de 66% da população residente já totalmente vacinada, o Reino Unido é ainda assim o quarto país do mundo com mais casos de Covid-19 registados (8,2 milhões) e o oitavo com mais mortes (138 mil) ligadas ao SARS-CoV-2, de acordo com o portal "WorldDoMeters".

A pandemia de SARS-CoV-2

O surto deste coronavírus, denominado SARS-CoV-2 e que provoca a doença Covid-19, terá surgido em dezembro num mercado de rua de Wuhan, embora alguns estudos admitam que o vírus já estivesse presente naquela cidade chinesa desde outubro.

O primeiro alerta endereçado à Organização Mundial de Saúde aconteceu a 31 de dezembro referindo o caso de uma pneumonia desconhecida. O primeiro registo na Europa surgiu a 24 de janeiro, em França, e quatro dias depois dos Estados Unidos.

Médicos em França sugerem, entretanto, ter assistido o primeiro paciente no país com Covid-19 a 27 de dezembro depois de repetirem em abril as análises de exames a antigos doentes com sintomas suspeitos da nova doença.

De acordo com os registos oficiais, a pandemia entrou em África, pelo Egito, a 15 de fevereiro, e dez dias depois chegou à América do Sul, pelo Brasil. A pandemia bloqueou a maior parte do mundo desde meados de março de 2020.

Quase dois anos depois depois e com a pandemia ainda ativa, há mais de 238 milhões de infeções diagnosticadas e de 4,8 milhões de mortos.

A vacinação contra a Covid-19 começou em dezembro de 2020, continua a diferentes velocidades por todo o mundo, mas há países já a inocular pessoas com uma terceira dose de vacinas inicialmente desenvolvidas para ser eficazes com apenas duas doses.

Portugal foi o primeiro país a vacinar totalmente 85% da respetiva população residente.

Outras fontes • Guardian, Sky News

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