A energia contagiante da atleta paralímpica Teresa Perales medalhada 27 vezes

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A nadadora Teresa Perales tem ultrapassado todas as expetativas. Tornou-se na atleta paralímpica mais condecorada da Espanha, com 27 medalhas.

Teresa Perales tem ultrapassado todas as expetativas. Depois de ter perdido o uso das pernas aos 19 anos, tornou-se a atleta paraolímpica mais condecorada da Espanha, com 27 medalhas.

euronews: "De onde vem essa força interior?"

Teresa Perales: “Essa força vem de dentro. É a motivação. É muito bom quando nos dizem: 'vai, tu és capaz'. Mas quando treinamos, estamos sozinhos, não temos as pessoas a torcer por nós. Por isso é importante que cada um de nós encontre a força interior, a razão pela qual fazemos as coisas. Eu faço as coisas porque gosto, por paixão, porque adoro competir, adoro ganhar e sonho com a possibilidade de subir ao pódio".

euronews: “Há alguns anos, escreveu um livro chamado A força de um sonho, onde fala sobre a necessidade de haver não só um treino físico, mas também emocional. As emoções podem ser treinadas?"

Teresa Perales : “Claro, é fundamental em particular para os atletas. Dedicamos quatro anos das nossas vidas a treinar para 30 segundos, é o tempo que dura uma das nossas provas. Ser capaz de controlar as emoções, especialmente o medo, o stress, o pânico é algo muito difícil e é um trabalho que deve ser feito diariamente durante muitos anos. Há muitas ferramentas, muitas técnicas, cada pessoa usa as que mais lhe convêm. Tenho vindo a fazer este tipo de trabalho desde Atenas. Até agora, tem corrido muito bem, se olharmos para os resultados”.

euronews: “Aos 19 anos, a sua vida mudou completamente, mas superou essa situação. O que diria a um jovem que enfrenta o mesmo obstáculo?"

Teresa Perales: “Diria que ele tem a vida pela frente, felizmente. Que tem que aprender a fazer as coisas de uma forma diferente. Às vezes, é muito complicado e pensamos que o mundo acabou, que é impossível, mas, a partir da minha experiência, posso dizer que nada é impossível nesta vida. É uma questão de vontade, ter uma vontade de ferro. Eu sempre disse que é isso que move montanhas e é verdade. A minha experiência levou-me a fazer determinadas coisas...se eu perguntasse às pessoas, na rua, certamente ninguém teria pensado que fosse possível fazê-las. Eu fi-lo e a cadeira de rodas acompanhou-me. A cadeira de rodas nunca me determinou como pessoa, nem a minha deficiência. A cadeira de rodas é como uma companheira que anda comigo e que me acompanha o tempo todo"

euronews: "Por que escolheu a natação?"

Teresa Perales: "Porque era mais barato que o atletismo! Eu gostava muito de atletismo, da velocidade, de ver os desportistas em cadeira de rodas, nas cadeiras especiais de corrida, mas era muito mais caro. No verão, tinha estado a nadar com um colete salva-vidas, dei minhas primeiras braçadas e gostei da sensação de flutuar. Gostei da liberdade que senti na água, quando entrei na piscina disse: quero fazer isto quero aprender a nadar. Queria apenas aprender a nadar, não queria competir mas uma coisa levou à outra e no final vi que o cronómetro parava cada vez mais cedo e que isso me agradava e comecei a competir".

euronews: "Já pensou em parar de nadar?"

Teresa Perales: "Sim muitas vezes. Estou nisto há muitos anos, estou a competir há 24 anos. É uma carreira muito longa. É normal haver momentos em que queremos parar porque pensamos 'não posso, não sou capaz, isto ultrappasa-me, está a custar-me, é muito esforço. Quando também somos mães, a vida familiar pesa muito, quando temos uma vida profissional em paralelo. Às vezes, a vida profissional absorve-nos muito. Houve alturas em que tive a tentação de abandonar a competição mas nessas alturas olhei para trás, lembrei-me dos belos momentos que vivi em competição e disse: 'não vou parar, vou continuar".

euronews: "Como concilia vida familiar e desporto?"

Teresa Perales: "Graças ao calendário do Google! Tento conciliar e ter sempre em mente os calendários, o calendário familiar, o calendário extracurricular, o calendário escolar, o trabalho do meu marido, as minhas competições, os treinos, o meu trabalho, é um pouco complicado, às vezes é quase como um jogo de tetris, mas é possível, com uma boa organização, temos tempo para tudo".

Andy Robini: “Este ano foi distinguida com o Prémio Princesa das Astúrias para o desporto. É um sonho que se tornou realidade?"

Teresa Perales: "É um sonho que se tornou realidade! Parecia que eu era a candidata eterna! Durante muitos anos, a minha candidatura esteve em cima da mesa e eu nunca ganhava, e, este ano finalmente concederam-me esse prémio. Na verdade, foi muito surpreendente, nós rirmos um pouco porque eu não sabia que a minha candidatura estava em cima da mesa este ano. Quando recebi o telefonema, vi um número desconhecido no telemóvel. Sabia que o júri se tinha reunido e que era o dia em que se tomava a decisão e naquele momento pensei 'olha a esta hora ele deve estar a ligar aos vencedores'. E atendi o telefone e ouvi: 'Teresa estou a ligar da Fundação Princesa das Astúrias. O meu coração quase saiu pela boca".

euronews: A Teresa Perales nunca perde o sorriso?

Teresa Perales: “Às vezes, não muito, talvez quando estou a dormir! O sorriso é algo que não vale a pena perder. É bom sorrir, é contagiante. Quando sorrimos, a pessoa que está à nossa frente devolve-nos o sorriso. Acaba por ser um presente".

euronews: "Muito obrigado pelo seu tempo. 2024 para os jogos de Paris?

Teresa Perales: "Teremos sempre Paris".

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