O governo de Varsóvia diz que o fluxo migratório vindo da Bielorrússia põe em causa a integridade territorial do país e admite invocar a carta da Aliança Atlântica. As organizações internacionais alertam para a crise humanitária crescente
A patrulha da fronteira polaca foi reforçada com mais 15 mil militares, mas o governo de Varsóvia considera que o efetivo não chega. A Polónia pede à NATO para que tome "medidas concretas" para enfrentar a crise dos migrantes na fronteira com a Bielorrússia.
Junto com a Lituânia e a Letónia, pondera accionar o artigo quarto da carta da Aliança Atlântica, que prevê uma articulação dos aliads em caso de ameaça à "integridade territorial, independência política ou segurança".
Nas linhas de fronteira, campos improvisados acolhem milhares de requerentes de asilo. São migrantes maioritariamente vindos do Iraque, Afeganistão e Síria. As organizações internacionais alertam para uma crise humanitária crescente.
"Não temos comida, não temos água. Pensávamos que eram 2 dias, mas já são 22. Trouxemos 2 garrafas de água. Podemos terminá-las num dia e nos outros dias não bebemos nada. Já nos aconteceram muitas coisas: ficámos sem energia, perdemos comida, a tenda, os sacos de dormir e ficámos sozinhos na floresta com menos dois graus de temperatura durante a noite," desabafa Khader, um migrante vindo da Síria.
A União Europeia acusa o governo de Alexander Lukashenko de instrumentalizar os migrantes vindos do Médio Oriente. Esta segunda-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa dos 27 devem aprovar um novo quadro jurídico que permitirá novas sanções à Bielorrússia. Bruxelas já declarou o fluxo migratório como um ataque às fronteiras externas.
Este domingo, num contacto telefónico com o chefe da diplomacia bielorrusso, o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa declarou que "a situação actual é inaceitável e tem de acabar".
Josep Borrell pediu para que as agências humanitárias internacionais tenham acesso aos campos de refugiados na fronteira.
No final da conversa o ministro bielorrusso dos Negócios Estrangeiros volta a insistir que sanções já impostas são contraproducentes, mas diz que Minsk está disponivel para um diálogo "em pé de igualdade, com a União Europeia".