Os desafios do Acordo de Paz na Colômbia

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Direitos de autor Fernando Vergara/Copyright 2020 The Associated Press. All rights reserved.
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De  Patricia Tavares
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O país cumpre cinco anos de uma paz incompleta.

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Passaram cinco anos desde a assinatura do Acordo de Paz entre a Colômbia e a guerrilha das FARC - que teve lugar a 24 de novembro de 2016. Antigos combatentes e o atual governo defendem o acordo, apesar deste pacto não ter conseguido acabar com violência, num país onde outros grupos armados continuam a existir. Entre eles, as fações dissidentes das FARC. 

Carlos Antonio Lozada nunca imaginou percorrer os corredores seculares do Congresso Colombiano. Agora é senador e veste um fato, mas há cinco anos era comandante das FARC. Em 2016, assinou o acordo de paz entre a guerrilha e as autoridades colombianas. Hoje, critica o governo por incumprimento, mas elogia o processo.

Não só conseguimos travar uma guerra que durava há mais de cinquenta anos, como também deixámos neste texto um guião para o que deveria ser o processo de transição da Colômbia, após a guerra, para uma sociedade diferente.
Carlos Antonio Lozada
Senador da Colômbia e ex-comandante das FARC

Nos elegantes salões do Congresso, as vozes desesperadas de pais que perdem os filhos não são ouvidas. O acordo de paz apenas pôs fim a uma parte da violência. Este ano, já foram registadas dezenas de mortes. Mais de 1.200 líderes comunitários e ambientalistas morreram desde a assinatura do acordo. Morreram também 289 ex-guerrilheiros. Lozada salienta que este é o resultado da má aplicação do acordo assinado.

"Ao não implementar as medidas acordadas, ao não entregar as terras àqueles que precisam de as trabalhar, o Estado continua a deixar o seu poder nos territórios, nas mãos de grupos políticos e económicos, que também estão ligados a economias ilegais", acrescentou Carlos Antonio Lozada

A apenas alguns metros do Congresso fica o Palácio do Governo. Juan Camilo Restrepo, Alto Comissário para a Paz, destaca os progressos feitos pelo Estado e rejeita as acusações de não cumprimento do acordo: "95% dos ex-combatentes de hoje, deste processo, têm segurança social plena. Desta forma, a melhor forma de responder a uma voz crítica é com factos e resultados. Mas entrar num debate político. Com a paz não se pode fazer política", disse Juan Camilo Restrepo.

O Alto Comissário para a Paz tem uma mensagem para a Venezuela, um país vizinho que tem acolhido líderes dissidentes das fações: **"Existe uma ditadura na Venezuela. E a segunda coisa é que essa ditadura deve deixar de dar abrigo a pessoas que fazem parte de grupos armados organizados. É isso que eles têm de fazer". **O país cumpre cinco anos de uma paz incompleta.

A Colômbia tem ainda muitos desafios a enfrentar nos próximos anos. A influência dos dissidentes das FARC, da guerrilha do ELN (Exército de Libertação Nacional) e dos paramilitares continua nalgumas das zonas vermelhas do país. O conflito faz milhares de refugiados todos os anos. A violência é estimulada pelo problema perene da Colômbia: o tráfico de droga.
HÉCTOR ESTEPA
Euronews
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