Antony Blinken: "Se a Rússia optar por agir de forma imprudente, nós (EUA) responderemos"

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De  Efi Koutsokostaeuronews
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A euronews entrevistou o Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken

O reforço da presença militar russa perto da fronteira da Ucrânia suscita tensões. A euronews entrevistou o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken na embaixada dos Estados Unidos em Estocolmo, no dia 2 de dezembro.

euronews: “Disse que há provas de planos russos para a invasão da Ucrânia. Estamos perto de um confronto militar?

Antony Blinken: “Não conhecemos as intenções do Presidente Putin. Não sabemos se ele tomou a decisão de realizar uma nova acção agressiva contra a Ucrânia. Mas sabemos que ele está a trabalhar para fazê-lo a curto prazo. E isso é extremamente preocupante. Não só para nós como para muitos parceiros em toda a Europa. Estive na cimeira da NATO antes da reunião da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). A preocupação é partilhada por muitos. Tem sido muito importante para mim e para nós dizer muito claramente à Rússia que uma nova agressão contra a Ucrânia seria um erro, e dizer-lhe quais seriam as graves consequências decorrentes desse ato. Estamos convencidos de que a melhor forma de resolver as diferenças que nos separam é a diplomacia, e, em particular, a implementação dos acordos de Minsk que nunca foram implementados".

Quando Biden falou com Putin em Genebra há alguns meses, disse que a preferência dos Estados Unidos é ter uma relação estável e previsível com a Rússia. Se a Rússia agir de novo de forma agressiva contra a Ucrânia isso seria o oposto de uma relação estável e previsível.
Antony Blinken
secretário de Estados dos EUA

euronews: "Acabou de ter uma reunião com o Ministro dos Negócios Estrangeiros russo Sergei Lavrov. Conhece as intenções dele? Qual era o seu estado de espírito? Obteve um sinal de que a escalada vai parar?"

Antony Blinken: “Tivemos uma conversa muito direta e franca, como é o nosso hábito. Sem polémicas. Muito profissional. Muito simples. E partilhei com ele as minhas preocupações. É importante comunicar diretamente, não só através da televisão ou de comunicados mas falar cara a cara. Queria que ele compreendesse as nossas preocupações, as consequências de uma eventual agressão russa e a nossa convicção de que o melhor caminho é a diplomacia. A Rússia deve ordenar o recuo das tropas e empenhar-se na implementação dos acordos de Minsk".

euronews: “Estamos mais perto de um avanço ou de uma desescalada?"

Antony Blinken: “O que posso dizer é que o ministro Lavrov vai falar com o Presidente Putin. Tal como eu falarei com o Presidente Biden. Espero que os presidentes falem num futuro próximo e que possamos avançar. Mas o mais importante é ser muito claro e muito direto sobre a nossa visão das coisas, as nossas preocupações, o que vamos fazer e o que preferimos fazer. Nós preferimos revigorar a diplomacia e resolver a ocupação dos territórios na Ucrânia”.

Mais uma vez, sublinho que a nossa aliança é defensiva. É uma aliança transparente. Não é contra a Rússia.
Antony Blinken
secretário de Estado dos EUA

euronews: “Há planos concretos para um encontro entre os dois presidentes?"

Antony Blinken: “A minha expectativa é que eles falem num futuro próximo".

euronews : "Falou em consequências muito graves se a Rússia invadisse a Ucrânia. O que quer dizer? O que está disposto a fazer? Ir além das sanções económicas?"

Antony Blinken: “Haveria consequências económicas extremamente importantes. Moscovo conhece bem todas essas consequências. Espero que o Presidente Putin tenha em conta esses fatores nos seus cálculos. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e outros países têm vindo a trabalhar para garantir que a Ucrânia possua meios para se defender. E, claro, se houver ameaças à aliança da NATO, vamos continuar a reforçar as nossas próprias capacidades defensivas. Também pus ênfase na palavra defensiva. A NATO é uma aliança defensiva, e não uma aliança agressiva. O nosso objetivo é a protecção e segurança dos nossos membros e ajudar parceiros como a Ucrânia a defenderem-se em caso de risco de agressão. Estamos concentrados nesses pontos. Mas o mais importante é que a Rússia compreenda que as acções têm consequências. Essas consequências são reais. E a Rússia não tem interesse em que isso aconteça. Ninguém tem interesse num conflito. Deixe-me apenas acrescentar o seguinte. Quando Biden falou com Putin em Genebra há alguns meses, disse que a preferência dos Estados Unidos é ter uma relação estável e previsível com a Rússia. Se a Rússia agir de novo de forma agressiva contra a Ucrânia isso seria o oposto de uma relação estável e previsível. Não creio que isso seja bom para qualquer um de nós. Mas o presidente foi claro. Se a Rússia optar por agir de forma imprudente, nós responderemos".

euronews: "Refere-se apenas a sanções? Já há sanções em vigor da União Europeia e dos Estados Unidos. O que o leva a crer que desta vez as sanções vão funcionar já que o Putin não parece estar a mudar de rumo?"

Estamos a trabalhar em conjunto em áreas onde os nossos interesses se sobrepõem, por exemplo, na conversa com o Ministro dos Negócios Estrangeiros Serguei Lavrov, falámos do Irão e do nosso interesse mútuo em evitar que o Irão obtenha uma arma nuclear.
Antony Blinken
secretário de Estado dos EUA

**Antony Blinken: "**Muito do que estamos a falar poderia ter impacto muito importante. São coisas que não fizemos no passado. A Rússia conhece muito bem o universo de possibilidades que temos. E vou deixar as coisas assim".

euronews: "Não quer ser mais concreto sobre o que planeia fazer?"

Antony Blinken: “Não, não em público".

euronews: "Mas a Rússia está preocupada com uma eventual adesão da Ucrânia à NATO. Os Estados Unidos apoiam a adesão da Ucrânia à NATO?"

Antony Blinken: “Essa questão remonta à fundação da NATO e ao Tratado de Washington, que deixou claro que as portas da aliança estariam abertas a quem quisesse aderir e cumprisse os critérios. Reafirmámos na última reunião que a porta da NATO está aberta. Mas isso não é uma ameaça para a Rússia porque, mais uma vez, sublinho que a nossa aliança é defensiva. É uma aliança transparente. Não é contra a Rússia. Não é uma ameaça para a Rússia. Infelizmente, as únicas acções agressivas que observámos na zona euro-atlântica, nos últimos anos, foram as agressões russas contra a Geórgia e depois contra a Ucrânia. E não precisamos de uma repetição dessas agressões na Ucrânia".

euronews: Há também tensões crescentes nas fronteiras da Europa, em particular com a Bielorrússia, o que é visto pela União Europeia como um ataque híbrido. Milhares de migrantes forçados a ir para a Polónia, a Letónia e a Lituânia. Será que a Rússia é a maior ameaça, hoje, para a Europa e para o Ocidente?

Antony Blinken: "Pelas suas acções, incluindo acções realizadas no passado, bem como as ameaças de acções na Ucrânia, a Rússia representa um problema real. Não tem de ser assim e não deve ser assim. Estamos a trabalhar em conjunto em áreas onde os nossos interesses se sobrepõem, por exemplo, na conversa com o Ministro dos Negócios Estrangeiros Serguei Lavrov, falámos do Irão e do nosso interesse mútuo em evitar que o Irão obtenha uma arma nuclear. Estamos a trabalhar bem em conjunto com os parceiros europeus e com a China nas conversações em Viena. Estamos a trabalhar em conjunto em relação ao Azerbaijão e à Arménia para resolver o problema de forma duradoura. Interessa a ambos resolver o conflito em torno de Nagorno-Karabakh, e melhorar a relação entre os dois países. Temos de ser capazes de trabalhar juntos sobre questões de interesse mútuo. Mas ações como uma nova agressão à Ucrânia tornariam as coisas extremamentes difíceis".

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